O povo venezuelano acaba de dar uma contundente resposta ao fustigamento externo que
vem sofrendo a Revolução Bolivariana: foi massiva a participação da eleição dos membros da
Assembleia Nacional Constituinte (ANC), no último 30 de julho. Mais de 8 milhões de homens e
mulheres foram às urnas, enfrentando toda sorte de pressões para que se abstivessem.
Pressões da mídia golpista, pressões econômicas, ameaças terroristas, ameaças de invasão de
exércitos imperialistas, em fim, longe de ignorar essas ameaças, as massas venezuelanas
mostraram que estão dispostas a enfrenta-las e a derrota-las se preciso for.
A oposição, financiada pela potencia imperialista do norte, não indicou candidatos (salvo
iniciativas isoladas), apostou no medo da população e quebrou cara: a ANC será instalada com
esmagadora maioria de deputados e deputadas prontos para impulsionar o processo
revolucionário, fortalecendo e ampliando os órgãos de controle popular sobre a economia,
ampliando a base pública e estatal produtiva e constitucionalizando políticas públicas
vitoriosas, como as missões, os CLAPs (Comitês Locais de Abastecimento e Produção), as
Comunas etc., com a disposição de construir uma economia pós-petroleira, diversificando a
matriz produtiva e controlando de forma mais rigorosa o fluxo e a aplicação das divisas que
entram e saem do país.
A Venezuela de Simon Bolivar e Hugo Chavez mais uma vez sai na frente em meio a
preocupações que rondam a esquerda no continente quanto ao crescimento do
conservadorismo e das ideias reacionárias no mundo.
Assim como o Levante Cívico-Militar de 4 de fevereiro de 1992 (o 4F), liderado pelo Tenente-
Coronel Hugo Chavez Frias, ocorreu na contramão da “maré conservadora” – questionando a
real existência dessa “maré” em meio ao desmonte da União Soviética – agora, a inconteste
vitória da eleição dos 540 deputados constituintes mostra que, para derrotar o imperialismo e
seus representantes dentro de cada país, colocando no topo do processo e na boca do povo as
ideias socialistas, só há um caminho: organizar e empoderar a classe trabalhadora, direcionar
recursos e riquezas do país em benefício das camadas populares, promover as reformas de
base – agrária, bancária etc, fortalecer o controle público das riquezas energéticas e minerais,
gerar empregos em massa, com autogestão operária e elevar e universalizar o nível de
prestação de serviços públicos básicos: saúde, educação, cultura e habitação popular.
O processo da Venezuela certamente influenciará toda a América Latina, principalmente países
como o Brasil, que vêm sendo maltratados por governos golpistas e projetos de restauração
neoliberal. Para a Venezuela, a expansão para o Continente de sua recente e rica experiência
revolucionária é vital para seu próprio fortalecimento, bem como para a integração latino-
americana, em bases populares, soberana e socialista.
Afonso Magalhães
Filiado ao PT e Secretario de Relacões Internacionais da Central de Movimentos Populares-DF
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