O Teatro dos Bancários foi palco de um evento histórico na noite de quarta-feira, 24 de agosto. Lá, a Presidenta eleita Dilma Rousseff participou de um grande ato em defesa da Democracia, organizado pela Frente Brasil Popular. Diversas cidadãs e cidadãos estiveram lá, além da presença de diversos movimentos sociais. Abaixo, reproduzimos matéria da Mídia NINJA, mostrando como foi esta grande celebração democrática.
Ato em defesa da Democracia lota o Teatro dos Bancários em Brasília
Atividade puxada pela Frente Brasil Popular teve maciça adesão da militância. Na semana em que o processo de impeachment entra em sua fase decisiva, ato serviu para aglutinar forças e mostrar unidade na luta em defesa da Democracia e do mandato de Dilma.
O Teatro dos Bancários em Brasília ficou lotado na noite dessa quarta-feira (24) para o ‘Ato em Defesa da Democracia com Dilma’. Organizado pela Frente Brasil Popular, a atividade contou com a presença de lideranças e dirigentes partidários e diversos movimentos sociais, além da presidenta eleita, Dilma Rousseff. Tendo sido esgotados todos os lugares, muitas pessoas assistiram ao ato do lado de fora do teatro, promovendo uma manifestação em apoio à presidenta e à normalidade democrática.
Esta semana é decisiva para a jovem democracia brasileira. O processo de impeachment chega a sua fase final no Senado, onde será decidido o futuro do nosso País e a permanência ou não da soberania das urnas enquanto manifestação da vontade popular. Diversas forças políticas da sociedade civil foram representadas no ‘Ato em Defesa da Democracia com Dilma’. CUT, MST, UNE, CTB, CMP, Levante Popular da Juventude, Marcha Mundial das Mulheres, parlamentares do PT e do PCdoB, entre outros, além de ex ministros e ministras de Dilma Rousseff, compuseram a platéia.
Antes mesmo do início da atividade as pessoas presentes já mostravam disposição para a luta em defesa da democracia. O indefectível #ForaTemer não ficou de fora do ‘Ato em Defesa da Democracia com Dilma’. O que não faltou foi gente para puxar o coro, devidamente reforçado pelas pessoas presentes à atividade. Não somente o #ForaTemer pôde ser ouvido no Teatro dos Bancários. O épico ‘olê, olê, olá, Dilma, Dilma!’ também fez parte da sonoplastia militante reunida em Brasília.
Quando da entrada de Dilma Rousseff no palco, a platéia presente explodiu em gritos de ordem em defesa da Democracia. O Teatro dos Bancários ficou de pé para receber a presidenta eleita, depositária do voto e confiança de mais de 54 milhões de brasileiras e brasileiros. A emoção tomou conta do teatro, que aproveitou para entoar um “volta, Dilma”, ocasião em que diversos cartazes foram levantados em sinal de apoio à presidenta eleita.
As pessoas que vieram para o ‘Ato em Defesa da Democracia com Dilma’ aproveitaram a oportunidade para demonstrar todo o seu apreço para com a presidenta eleita. Flores e cartas foram oferecidas, assim como inúmeros pedidos para fotos. Diferentemente do presidente golpista, Michel Temer, que evita agendas públicas, Dilma Rousseff, que não tem medo de povo, foi ovacionada pela platéia do Teatro dos Bancários.
As mulheres do coletivo Rosas Pela Democracia deram flores à presidenta Dilma Rousseff. Contra o ódio despejado pelos golpistas, o perfume e as cores das rosas mostram nossa maneira de seguir na luta, com respeito, dignidade e diálogo. Tudo o que os golpistas não toleram e tentam destruir. Uma carta dissecando os desdobramentos do golpe de estado em curso foi lida para a presidenta. Retiradas de direitos, perseguição à contingentes populacionais, entrega das nossas riquezas naturais e a destruição da auto estima e soberania brasileiras é o legado pretendido pelos golpistas.
Dilma começou o seu discurso falando que “não é possível pactuar com a direita racista e misógina brasileira, ainda mais em um cenário de crise sistêmica do capitalismo. Daí o golpe, numa tentativa desesperada das elites de manter seus privilégios ante a emancipação social e popular do Brasil dos últimos 13 anos”. E continuou: “a minha reeleição foi a gota dágua para a elite, frustrada desde a eleição do presidente Lula em 2002. Os 54 milhões de votos que recebi nas últimas eleições de nada valem, por isso tentam o golpe”, aludindo aos derrotados nas eleições de 2014.
A presidenta eleita também afirmou que “a luta que se anuncia não será fácil, mas resistiremos às forças neoliberais que querem empobrecer a América latina. Lutaremos pela reforma política para transformar o estado e fortalecer os mecanismos de combate à corrupção, procurando inserir a juventude, as mulheres e os demais segmentos da sociedade”, continuando o ciclo virtuoso de crescimento e empoderamento popular iniciados com a chegada de Lula ao poder e que teve prosseguimento durante os governos Dilma.
Sobre a atual chefia do executivo, Dilma disse que “é grave a tentativa do governo golpista de destruir o Mercosul e de enfraquecer a Unasul, sem falar na submissão servil da diplomacia brasileira a interesses que não sejam os nossos, que não reafirmam a nossa soberania”, em relação a nova orientação da política exterior tocada por Michel Temer e José Serra, o chanceler responsável pela primeira greve da história do Itamaraty.
Os malabarismos jurídicos inventados para justificar o seu afastamento da Presidência da República não ficaram de fora do discurso de Dilma. “Os golpes mudam de figura, mudam de características. Um golpe militar é como um machado numa árvore, cortam de uma vez a democracia. O golpe que tentam contra mim é como se fossem parasitas roendo a árvore. E a única coisa que mata o parasita golpista é o diálogo, é a manifestação da verdade. Eu não cometi crime algum”, disse firme.
“Eu irei ao Senado me defender, defender os interesses do povo brasileiro e, principalmente, defender a criação de instrumentos para que isto nunca mais se repita no Brasil”, afirmou a presidenta, levando as pessoas presentes ao delírio. “Nós respeitamos as instituições, mas não respeitamos golpistas. Somente uma nova eleição para desfazer os retrocessos. Querem fazer uma eleição indireta com 81 senadores sem levar em conta o desejo de milhões de eleitoras e eleitores brasileiros”, protestou.
Dilma tem noção da dimensão histórica do processo pelo qual ela e o Brasil estão passando. “As rosas que me presentearam são o símbolo da renovação. Fui a primeira mulher eleita presidenta deste País. As mulheres estão ocupando o seu lugar na sociedade. E eu tenho a responsabilidade de honrar as mulheres do Brasil, por isso eu resisto e não me curvo para os golpistas. Eles achavam que eu seria levada a renunciar, que o papel da mulher é o de abaixar a cabeça. Estão enganados.”
Mostrando firmeza de caráter, Dilma agradeceu aos profissionais da imprensa presentes ao ato. Mesmo com toda a perseguição e distorção midiáticas, vale lembrar o ensinamento da presidenta: é preferível o barulho da Democracia ao silêncio da ditadura. “A participação de setores da imprensa brasileira no golpe foi percebida pela imprensa internacional, derrubando nossa posição no ranking de liberdade de expressão e democratização da informação. A imprensa teve participação ativa nesse processo de interrupção democrática”, vaticinou.
Visivelmente à vontade e muito sorridente, a presidenta também falou das inúmeras conquistas sociais dos últimos 13 anos. Minha Casa, Minha Vida, Ciência sem Fronteiras, Luz para Todos, Fome Zero, Pronatec e o Brasil Medalha, “que tantos resultados positivos trouxeram ao País. Taí as Olimpíadas e as conquistas de nossos atletas”, lembrou Dilma. Os cortes ou mesmo a extinção de alguns desses programas foram alvo de preocupação da presidenta eleita. “Querem acabar com o Brasil”, lamentou.
Ao final, a presidenta eleita Dilma Rousseff deixou um recado emblemático, porém um retrato fiel dos tempos sombrios pelo qual estamos passando: “achei que nunca mais fosse ver um golpe de estado no Brasil. Porém, estou vivendo um. Mas que saibam que com a mesma força que lutei contra a ditadura militar, nós vamos buscar e aprofundar a Democracia no Brasil. Precisamos apenas ter esperança. Nós já ganhamos esse processo, mas é preciso ter a consciência de que seguiremos lutando”, finalizou, antes de ser ovacionada e aplaudida de pé pelas pessoas que compareceram ao ato.
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