Apesar de não integrar oficialmente a base governista, a bancada do PT tem sido fundamental para a administração Rollemberg desde de janeiro de 2015, especialmente no Legislativo. Segundo Vale, a renovação da aliança, interrompida em 2012, é prioritariamente ideológica. Nas palavras do parlamentar, sem a reaproximação o GDF será conquistado por legendas “conservadoras” nas eleições de 2018.
“É uma opinião minha. Mas o partido não está fazendo o debate. Eu defendo isso porque estou vendo campos que sempre combateram o PT se organizando para inviabilizar e derrotar o governo Rollemberg. É um movimento claro da direita”, disse Vale.
De fato, partidos como PMDB, PR, PSDB e DEM estão articulando composições de chapa majoritária. Além disso, a gestão Rollemberg está sendo desidratada com o afastamento de antigos aliados como o PPS e o PSD.
O presidente regional do PT, Roberto Policarpo, classificou o posicionamento do distrital como “prematuro” e “inoportuno”. Para Policarpo, a prioridade do PT é lutar contra o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff e impedir a perda de direitos dos servidores por projetos em tramitação no Congresso Nacional.
“Se fôssemos entrar no mérito, não há razão para uma aproximação. Esse governo quer privatizar a Saúde com as Organizações Sociais (OSs) e não respeita os servidores. Não existe essa história de que ele está rompendo com a direita. É a direita que está abandonando Rollemberg. O governo dele está se engalfinhando. Ele se aproximou de Roriz e culpa o PT por tudo. Não somos nós que devemos dar abraço final. O deputado Ricardo Vale está sendo muito apressado. E apressado come cru”, disparou Policarpo.
Para ex-líder, posição é só individual
Aproximação artificial. É dessa forma que o distrital Chico Vigilante, ex-líder do PT, interpreta o movimento político de Ricardo Vale. Segundo Vigilante, o discurso do correligionário é individual e não expressa o pensamento do partido. Mas mesmo assim despertou discussão acalorada entre os filiados.
“É um debate extremamente espinhoso no PT, até porque os deputados da bancada sempre respeitam a decisão do diretório. O deputado do PT não tem vontade própria. Se tem, é enquadrado pelo partido”, comentou.
Na análise de Vigilante, a própria população definiu nas eleições de 2014 que o PT deve ser oposição no DF. Todavia, para o deputado, esse posicionamento não determina que a sigla seja inimiga do Buriti. “Isso é pedagógico. Ajuda o eleitor a compreender o mundo político. Oposição fiscaliza e cobra ações do governo”, completou.
Em viagem oficial internacional, o líder da bancada do PT na Câmara, deputado distrital Wasny de Roure se limitou a teclar uma mensagem sobre assunto: “Creio que qualquer negociação tem que envolver a direção do PT”.
Ao longo das últimas semanas, corre a desconfiança de que a gestão Rollemberg estaria analisando a entrega de um espaço do governo para o PT. No entanto, Ricardo Vale nega que tenha mantido qualquer conversa diretamente com o governador nos últimos dias.
Saiba mais
O apoio do PT ao Buriti na Câmara tem ido muito além das votações no plenário. No ano passado, a gestão Rollemberg só conseguiu fechar as contas do orçamento utilizando o superávit do Iprev. A ideia nasceu de personagens importantes do Partido dos Trabalhadores.
Se o Buriti conseguir o apoio oficial do PT conquistará uma vantagem considerável na disputa pelo controle das votações na Câmara Legislativa e, principalmente, na acirrada eleição da presidência da Casa, prevista para o final deste ano.
Publicado originalmente pelo Jornal de Brasília
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