O ato em Brasília que reuniu milhares de pessoas nesta sexta-feira (10) para marcar o Dia Nacional de Mobilização pela Democracia e contra o golpe de Michel Temer foi marcado pelos gritos de “fora, Temer!” acompanhados de “fora, Serra!”. O ministro golpista das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), ganhou um momento exclusivo de protesto em frente ao prédio do Itamaraty contra suas medidas que vão fazer o Brasil voltar à política de subordinação aos interesses das grandes potências.
Reunidos inicialmente no Museu Nacional, os manifestantes caminharam em direção ao Congresso Nacional entoando frases de impacto e levando cartazes, roupas e adereços. O objetivo era um só: demonstrar que estavam nas ruas para defender a democracia e resistir contra o golpe.
“STF: é golpe! Precisa desenhar?”, escreveu um dos manifestantes, em alusão ao pedido feito à presidenta eleita, Dilma Rousseff, para que ela explicasse por que tem usado a palavra “golpe” em seus discursos.
Participaram do ato movimentos populares, como integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Levante Popular da Juventude, e lideranças sindicais, servidores públicos e sociedade civil. Parlamentares que têm atuado contra o golpe, como os deputados federais Érika Kokay (PT-DF) e Paulo Pimenta (PT-RS) e o deputado estadual Chico Vigilante (PT-DF), também engrossaram o coro dos protestos.
A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome do governo legítimo, Tereza Campello, e o assessor especial da presidenta eleita, Marco Aurélio Garcia, caminharam nas ruas. “Somos todos Zumbi dos Palmares, todos Margarida Alves, todos Antonios Conselheiros”, discursou Érika Kokay, arrancando aplausos dos participantes do ato.
“O mais grave desse governo é sua ilegitimidade”, avaliou Marco Aurélio Garcia. “As políticas que anunciaram vão fazer o país retonar 20 anos no tempo, se não mais.”
Do carro de som que ditou o ritmo da caminhada, ouvia-se diversas músicas populares brasileiras com palavras trocadas para denunciar o golpe, criticar Temer e pedir a volta de Dilma. Canções da banda Legião Urbana e do cantor Zeca Baleiro foram as mais cantadas.
João Vicente Goulart, filho do presidente João Goulart que foi derrubado pelo Golpe de 64 que deu início à ditadura militar no país, usou a palavra para falar do atual momento político, semelhante ao da década de 1960.
“Esse golpe é muito parecido com o golpe de 64. Mas substituíram as Forças Armadas pelas togas e pela prepotência”, afirmou. “Em nome do PDT, da resistência e das lutas populares, é preciso que a presidenta Dilma volte ao poder para retomar as lutas deste país, a luta pela reforma agrária, pelos direitos conquistados nos últimos anos.”
Por Camilo Toscano, da Agência PT de Notícias
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