O vazamento de áudios contendo conversas entre o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, com parlamentares e ministros deixa transparecer a trama urdida para afastar a presidenta Dilma Rousseff de seu cargo. Nas gravações, até a insinuação de cooptação de ministros do STF para estancar as investigações da Lava Jato podem ser encontradas.
Outro dado a ser levado em conta é o período em que as conversas foram gravadas: em março, antes da votação do processo de impeachment pela Câmara dos Deputados. A divulgação posterior ao envio do pedido de impeachment ao Senado Federal parece fazer parte de um roteiro ensaiado cujo final ainda não se sabe, embora suspeite-se que não seja interessante para o País.
Para agravar ainda mais a situação, depreende-se das conversas a cooptação de ministros do STF para “garantirem” o afastamento de Dilma Rousseff e a manutenção da ordem no País, fazendo uso das Forças Armadas se preciso. Soma-se a isso chantagens e procrastinações de todas as espécies, além da plena ciência de estarem agindo à margem da lei ao conduzirem o processo de impeachment.
Interessante notar que nas partes referentes à Dilma, os diálogos versam sobre sua intransigência em negociar com corruptos, além do reconhecimento de sua força pessoal e determinação para enfrentar de cabeça erguida o linchamento social e o golpismo daqueles interessados em vê-la longe da Presidência da República.
E como não poderia faltar, ainda existem alusões ao papel da imprensa corporativa em toda a encenação protagonizada para legitimar o impeachment. Com referências nominais a João Roberto Marinho (Organizações Globo) e Otávio Frias Filho (Folha de São Paulo), fica patente o papel do oligopólio midiático no afastamento de Dilma, manipulando a informação e agendando a audiência contra o governo e o Partido dos Trabalhadores.
Espera-se, agora, o desdobramento destas revelações. Recai enorme suspeição sobre o STF, ainda mais diante do silêncio de ministros da corte ante a grave suspeita de cooptação. Políticos da oposição, “baluartes da moralidade”, estão temerosos de serem pegos e esperam uma saída rápida para a situação.
E no meio disso tudo, esvaem-se os interesses do povo brasileiro e a emancipação do Brasil como líder regional e potência global, em um cenário de realinhamento de forças e esforços tão bem representados pelos Bric’s, cuja sanha entreguista do governo já se mostra evidente diante das novas diretrizes elencadas pelo novo ministro das Relações Exteriores, José Serra, derrotado por Lula e por Dilma nas duas ocasiões em que se candidatou a Presidência da República.
Cabe às forças políticas progressistas da sociedade reagir contra o desmonte do Estado brasileiro pretendido pelos golpistas. Coerente com a sua história e trajetória, o Partido dos Trabalhadores conclama sua militância a tomar parte nas atividades de contraponto ao governo ilegítimo de Michel Temer. Junto à Frente Brasil Popular e Movimentos Sociais, o PT continuará a sua luta em defesa dos interesses do povo e da Democracia, não medindo esforços para reconduzir Dilma Rousseff ao cargo de Presidenta da República.
Os 54 milhões de votos confiados à ela e ao Partido dos Trabalhadores são mais importantes para o povo brasileiro do que a manutenção dos esquemas e privilégios flagrados nas conversas dos golpistas.
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