Mal começou e o governo usurpador confirma o que já prevíamos. Em sua primeira entrevista – e na de alguns ministros – o presidente interino anuncia a disposição de avançar em privatizações, em rever políticas sociais e de reforma agrária, bem como de acabar com o multilateralismo da política externa brasileira, retornando à dependência dos Estados Unidos.
Num ministério sem mulheres e negros, com vários ministros investigados por corrupção, a revogação de direitos não se resume à reforma da Previdência, com fixação de idade mínima.
Transparece também na fala do interino da Fazenda, quando informa que pretende desobrigar União, Estados e Municípios de investirem os percentuais mínimos de recursos na saúde e na educação. O desmonte da seguridade social (saúde, assistência social e previdência) faz parte do programa neoliberal “Uma Ponte para o Futuro”.
Causam indignação, ainda, as ameaças de retaliação às entidades, partidos e movimentos que se opõem ao golpe. CPI e retomada do prédio da UNE, cancelamento de recursos para o MST, sufocamento dos blogueiros e aí por diante, a revelar o caráter repressivo dos ocupantes provisórios do Planalto.
A reação popular ao golpe continua e as manifestações de protesto e denúncia devem prosseguir. Nas instituições, a oposição firme e consistente deve combinar uma pressão de convencimento aos senadores, a fim de que não convalidem, no exame do mérito, um impeachment sem base legal, repudiado inclusive por milhares de juristas, por governos progressistas e por veículos da mídia internacional.
O PT continuará alinhado com os partidos, frentes e movimentos do “Não ao Golpe. Fora Temer!”, participando e organizando atos, eventos e manifestações em defesa da democracia, da Justiça e do Estado de Direito.
Rui Falcão é presidente nacional do Partido dos Trabalhadores
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