O Nobel de Economia Paul Krugman afirmou, em entrevista ao jornal “Folha de São Paulo”, que as pessoas estão “exagerando” ao falar sobre a situação econômica brasileira. De acordo com ele, apesar da economia ter sofrido um retrocesso em relação a “todo aquele otimismo de alguns anos atrás”, os “fundamentos econômicos do País não chegam nem perto de estar tão ruins quanto em episódios anteriores”, avaliou.
“A situação fiscal não é desesperadora e o País está longe de um momento em que precisara imprimir dinheiro para pagar suas contas”, considerou. “A taxa de câmbio está alta, mas nada perto dos níveis que associamos a crises graves”, argumentou.
O economista reconhece que a economia brasileira sofreu o impacto da queda dos preços das commodities. No entanto, “o Brasil de 2015 não é a Indonésia em 1998, nem a Argentina em 2001”, comparou.
De acordo com Krugman, “é desagradável e um pouco humilhante se ver nesta situação de novo. Mas as pessoas estão exagerando”.
Questionado sobre a perda de grau de investimento pela Standard & Poor’s, em setembro, e sobre que efeito teria para o País sofrer novo rebaixamento, o especialista esclareceu que, nos países “avançados”, as classificações de risco não surtem efeitos.
“É importante dizer que não há informação nenhuma na nota, as agências não têm nenhuma informação que as pessoas que acompanhem os dados e os jornais não saibam”, apontou.
Para ele, a classificação pode ter efeito porque é utilizada por investidores institucionais que são “obrigados a considerar o rating” em seus portfólios. “Mas eu suspeito que isso não seja grande coisa na situação atual. Isso gera manchetes, mas o que importa mesmo é a percepção”.
Economia mundial – Krugman afirmou que a economia global está diante de uma crise de superoferta. Segundo ele, o cenário mundial está cada vez mais semelhante com o europeu, devido ao crescimento baixo, ao desempenho abaixo do esperado e às pressões deflacionárias.
A Europa, por sua vez, enfrenta situação pior que a do Japão em alguns aspectos, pois o país oriental tinha “ao menos uma política fiscal que amorteceu os problemas”. A demografia do velho mundo está cada vez mais parecida com a do Japão, onde a população em idade ativa está diminuindo e a demanda está baixa.
“Ainda não há deflação, mas a projeção para a inflação já está em metade da meta”, informou.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do jornal “Folha de São Paulo”