Como o senhor avalia esse cenário de crise política e econômica em âmbito nacional?
O grande erro da mídia é colocar como se essa crise fosse exclusiva do Brasil. Na verdade, a crise não é isolada do país. Ela é uma crise mundial. Só vermos a situação da Grécia, a situação vivida pela Espanha, onde metade da população jovem está desempregada, a situação da Itália e de muitos países do Oriente Médio, onde os Estados Unidos colaboraram de maneira abusiva para as guerras e os governos se autodestruírem. Estes são alguns dos bons exemplos de que não estamos isolados.
Desde 2008 o mundo passou por essa crise e, este ano, chegou ao Brasil também. Só não está mais grave porque o governo do ex-presidente Lula, e agora a presidenta Dilma, teve compromisso com a sociedade, especialmente com os mais pobres. Outro dia vi na TV que o Nordeste está atravessando a maior seca da sua história. Mesmo com a situação do cenário da seca, você não tem notícia da população saqueando supermercado, como já vimos no passado. Essa é a demonstração de um governo comprometido com os mais pobres, que criou um programa para atender essas pessoas.
Qual o papel do PT para melhora no cenário e retomada da credibilidade na política?
O PT sabe muito bem fazer esse trabalho, pois já o fizemos no passado. Em minha opinião, é preciso que voltemos a fazer política com seriedade, punir quem tem que ser punido, mas, acima de tudo, trabalhar pela credibilidade e moralização da política.
O PMDB é aliado ou adversário do Partido dos Trabalhadores?
Eu diria que o PMDB é um aliado e tem demonstrado efetivamente isso. Apesar de tudo, tem ajudado a presidenta Dilma na governabilidade. Mas também temos que ter paciência porque eles são diferentes, com a ideologia muito diferente da do PT. Temos que ter a compreensão essa diferença e tentar entender e respeitar esse fato.
A tentativa de reaproximação do Governo Federal ao PSB contará com a aproximação do PT/DF à legenda socialista?
Não. O que vejo nessa aproximação nada mais é do que assuntos institucionais. Uma presidenta que foi eleita e que precisa governar para o povo e respeitar os governadores dos estados e do Distrito Federal. A mesma coisa acontece aqui no DF. O Rollemberg foi eleito para governador do DF, num quadro que a população mandou o PT para a oposição. Portanto, cabe a nós fazer oposição, apontar caminhos, criticar da maneira dura, mas não fazer o mesmo que o PSDB está fazendo na esfera Nacional, que tenta desestabilizar o país. Somos uma oposição responsável. Não vamos tocar fogo no DF como Nero tacou fogo em Roma. Temos o entendimento para amenizar a situação vivida pelo DF.
A bancada do PT na CLDF trabalhará para ajudar o GDF sair da crise em que se encontra?
A Bancada tem colaborado para melhorar a situação da população do DF, pois esse é o nosso papel. E não o de ajudar governo. Como sempre digo, faço uma oposição ao Rodrigo Rollemberg, e não ao Distrito Federal. É o nosso papel colaborar para a geração de emprego, por mais segurança pública, melhorias na educação, fazer com que os funcionários públicos tenham os seus salários adquiridos.
O PT/DF está preparado para reconquistar as mentes e corações da população da capital?
O PT sempre esteve preparado. É inevitável que estejamos passando por uma crise profunda, que é a crise da credibilidade e da moralidade na política. Cabe ao PT redirecionar as suas ações e se aproximar mais dos movimentos sociais. Muitas pessoas do partido têm que sair da teoria, e botar o pé no barro, ver como as pessoas estão vivendo.
Qual é o papel que o PT no DF precisa cumprir para retomar a credibilidade da legenda no Distrito Federal?
Se cada petista agir de acordo com a sua consciência, já é meio caminho andado. Os dirigentes do partido tem que respeitar os militantes e as bancadas. Tem que haver uma integração e mais diálogo entre a direção do Partido e bancada, coisa que elas não fazem. A direção está vencida, é preciso que ela se adeque ao novo momento político que o país está vivendo.