A agenda dos trabalhadores ocupou as ruas

 

O campo democrático e popular mostrou força neste 20 de agosto.

Dezenas de milhares de trabalhadores, militantes de movimentos sociais, partidos de esquerda e organizações populares ocuparam as ruas em defesa da democracia, dos direitos, das reformas populares e pela mudança na política econômica.

Relatos que chegam de todo o Brasil dão conta de grandes e representativas mobilizações. Certamente foram as maiores manifestações da esquerda desde março.

Em termos de alcance, cobriu por completo o território nacional, com atividades marcadas em todos os estados do país.

Do ponto de vista da unidade das forças políticas, foi mais ampla que as manifestações de março e abril.

Reuniu organizações que em março empunharam o equivocado “nem 13, nem 15” (em referência às mobilizações da esquerda e da direita naquele mês), ao mesmo tempo que os setores da esquerda que se mantiveram no sectarismo e não participaram dos atos vão perdendo relevância enquanto a caravana passa.

Além disso, os atos deste dia 20 também contaram com maior apoio e participação do PT. Diferente de março, o partido orientou o engajamento de diretórios e filiados, reforçando em cadeia aberta de televisão o chamado às manifestações e realizando plenárias de mobilização em vários estados. Tal participação, no entanto, não significa uma mudança de orientação do partido para um maior enfrentamento contra a ofensiva conservadora ou de autocrítica sobre os rumos do governo e do próprio PT. Esta continua sendo uma tarefa a ser disputada com cada vez mais força no petismo.

Neste dia 20 de agosto, as bandeiras vermelhas iriam às ruas quatro dias depois das manifestações convocadas pela direita, com apoio oficial do PSDB.

Embora menores que as do primeiro semestre, as movimentações conservadoras do dia 16 não podem em nenhum sentido ser subestimadas. Com cartazes e palavras de ordem eviscerando o mais odioso reacionarismo, muitas delas subiram o tom dos ataques contra o governo Dilma, o ex-presidente Lula, o PT e os setores populares.

Outro fato relevante neste 20 de agosto foi o recebimento pelo STF da denúncia da Procuradoria Geral da República contra o deputado Eduardo Cunha por corrupção e lavagem de dinheiro. O mesmo Cunha que foi poupado pelas manifestações ditas contra a corrupção do dia 16.

A denúncia enfraquece o presidente da Câmara num momento em que setores da direita e da base tentam impor sua pauta conservadora sequestrando o governo por dentro, a partir de iniciativas como a “agenda Brasil” e a manutenção de um ajuste fiscal que implica em recessão e desemprego.

O jogo está sendo jogado. A disputa das ruas seguirá, à esquerda e à direita, sendo um elemento decisivo da luta política do período.

Nos próximos dias a mobilização deve prosseguir em momentos importantes como o Encontro do Plebiscito Constituinte no dia 4 de setembro, o lançamento da Frente Brasil Popular, no dia 5, e o Grito dos Excluídos, no dia 7 do mesmo mês.

A pressão sobre o governo Dilma e sobre o papel do PT no próximo período se eleva. As manifestações deste 20 de agosto mostraram que o campo democrático e popular estará mobilizado em defesa da democracia e contra o golpismo, inclusive contra a variante sem vergonha de tucanos que falam em renúncia ou ilegitimidade do governo da presidenta Dilma.

Por outro lado, também sinaliza que setores amplos da esquerda não abrem mão de lutar por uma plataforma política alternativa à agenda regressiva de Cunha, Renan e Levy. Uma agenda e uma política econômica que estejam em sintonia com o programa que elegeu Dilma em 2014 e mobilizou muitas das lutadoras e lutadores que nesta quinta-feira ocuparam novamente as ruas do país.

Bruno Elias, secretário nacional de movimentos populares do PT

 

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