No momento em que comemora 55 anos de existência, Brasília está ascendendo à condição de 5ª maior área metropolitana do país, com 4,12 milhões de habitantes, superando Recife. Em 2008 era a 8ª maior, tendo já ultrapassado Fortaleza e Salvador. Em 2018, deverá se tornar a 4ª maior, com 4,42 milhões de habitantes, superando Porto Alegre.
O maior responsável pelo “feito” é a explosão populacional de sua periferia. Quando Brasília foi fundada, em 1960, os municípios a ela adjacentes eram apenas quatro (Luziânia, Formosa, Planaltina e Cristalina) e sua população conjunta era de 73,7 mil habitantes, sendo que 20,9 mil em áreas urbanas. Passados 55 anos, são 12 os municípios adjacentes que formam a Periferia Metropolitana de Brasília (PMB), com população de 1,2 milhão de habitantes, crescimento de 1.528% no período, sendo que a população urbana teve crescimento ainda mais espantoso, de 5.350%, para 1,14 milhão.
Se a transferência da capital federal para o Planalto Central não tivesse ocorrido, os quatro municípios adjacentes ao DF existentes à época seriam, hoje, municípios com perfil similar aos existentes no nordeste goiano, com populações reduzidas e essencialmente rurais. Hoje, é uma periferia populosa, mas a de menor nível de desenvolvimento entre as 15 principais metrópoles do país e a mais desigual, econômica e socialmente.
São municípios extremamente dependentes do mercado de trabalho do DF e da oferta de serviços públicos de saúde e de educação da capital federal. A capacidade de investimento dos municípios é praticamente nula, pois a receita total conjunta dos 12 municípios metropolitanos é 15 vezes menor que a do DF e 50 vezes menor, se considerada apenas a receita tributária, que expressa o grau de desenvolvimento das atividades produtivas no território. Brasília comemora seus 55 anos, mas sua periferia esquecida tem muito pouco a comemorar.
Júlio Miragaya, Vice-Presidente do Conselho Federal de Economia e Presidente do Ibrase
Publicado originalmente no Jornal de Brasília – 23-04-2015 – Página 19 – OPINIÃO