O Brasil terá nos próximos quatro anos um grande desafio: retomar o crescimento econômico, que no período 2004/10 chegou a cerca de 5% ao ano, num contexto de continuidade da crise econômica mundial mas buscando preservar as conquistas sociais obtidas nos últimos anos.
A economia voltou a apresentar no Governo Dilma problemas que enfrentava no período do Governo FHC, como o baixo crescimento e déficits acentuados em suas transações correntes. De outro lado, no enfrentamento da crise, não recorreu à tradicional receita de impor sacrifícios ao povo, como a promoção do desemprego e a contração dos salários e da renda. Apresenta, inclusive, vários aspectos positivos, como o aumento do nível de emprego e da formalização; o aumento da renda das famílias, com o importante auxílio do aumento do Salário Mínimo, em termos reais; a redução da pobreza e a redução da concentração da renda, embora tímida, o que mantém o Brasil como um país de forte disparidade social.
Para o próximo período de governo, alguns temas deverão receber atenção especial do futuro presidente.
Um dos debates em curso é qual deve ser o papel do Estado para o crescimento econômico. Há os que defendem a continuidade do atual modelo, com substantiva presença regulatória, os que defendem a redução do papel do Estado, algo próximo ao Estado Mínimo, deixando a regulação a cargo do mercado e os que defendem a intensificação da presença do Estado, atuando mediante empresas estatais em setores estratégicos da economia. O Governo deve manter, reduzir ou ampliar a atuação do Estado na regulação da economia?
No âmbito do debate mais amplo sobre o papel do Estado, há um debate específico sobre a atuação dos bancos públicos. O Governo deve manter, reduzir ou ampliar a participação dos bancos públicos na concessão de créditos? A concessão de crédito fortemente subsidiado pelo BNDES é nociva à saúde fiscal do governo federal?
Júlio Miragaya
Presidente da Codeplan e Conselheiro do Conselho Federal de Economia
Publicado originalmente no Jornal de Brasília –18.12.14 – Página 18 – OPINIÃO
http://www.jornaldebrasilia.com.br/edicaodigital/pages/20141218-jornal/pdf/18.pdf