Em tom indignado na tribuna da Câmara, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) deu voz nesta segunda-feira (1º) a milhões de filiados, de militantes e de eleitores do Partido dos Trabalhadores ofendidos pelo senador tucano Aécio Neves, que acusou o PT de ser uma “organização criminosa”, durante entrevista à Globo News, que foi ao ar na noite de sábado (29). O candidato derrotado nas urnas durante a disputa presidencial foi taxativo: “Na verdade, eu não perdi a eleição para um partido político. Eu perdi a eleição para uma organização criminosa que se instalou no seio de algumas empresas brasileiras patrocinadas por esse grupo político que aí está”. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, comunicou que o partido interpelará na Justiça o senador.
“Já estamos interpelando o senador mineiro derrotado. Em seguida, processo crime no Supremo Tribunal Federal. O PT não leva recado para casa”, afirmou Rui Falcão, pelo Twitter. “Alguém tem de dizer para o senador Aécio que ele não é juiz e que ele não tem o mínimo direito de agredir todos os eleitores da presidenta Dilma, do mesmo jeito que não tem o direito de agredir nosso partido”, completou o presidente.
Na tribuna, o deputado Paulo Pimenta lamentou a “performance infeliz” de Aécio ao fazer tais declarações e disse se tratar de uma incapacidade pessoal dele em conviver com a democracia e em aceitar o resultado das eleições. Falou ainda que as urnas, ao apontar a derrota tucana, reservou ao candidato o papel de oposição, mas não de juiz, que pode se travestir de um tom professoral para servir de modelo de conduta. “Ora, o senador, que já foi presidente desta Casa, que já foi governador de estado e que, há poucos dias, estava colocando seu nome como alternativa para dirigir o Brasil, não pode fazer uma denúncia, um ataque, que atinge milhões de pessoas que dedicaram uma vida inteira na construção de um partido político”, afirmou o petista.
Paulo Pimenta considerou que as afirmações do ex-candidato extrapolaram qualquer razoabilidade dentro do debate político, demonstrando uma intenção objetiva de criar um clima de instabilidade a partir de informações inverídicas. Para o deputado, esse tipo de postura estimula o ódio, revela ressentimento e busca tão somente por em xeque o caráter institucional da vitória de Dilma Rousseff e a sua legitimidade para governar o Brasil. “Seja uma oposição dura, mas não desonesta”, disse ao se dirigir a Aécio Neves.
Ao falar das investigações que recaem sobre a Petrobras, Pimenta citou a resolução aprovada recentemente, durante reunião do Diretório Nacional do PT, em Fortaleza, que reforçou o compromisso histórico do partido de combate à corrupção. Sobre a possibilidade de envolvimento de petistas no caso da Petrobras, ele lembrou que a decisão do partido será pela expulsão daqueles comprovadamente envolvidos. Em seguida, questionou: “Será que alguém acredita que essas práticas nefastas dentro da Petrobras começaram no nosso governo?”
O deputado lembrou que essas práticas são antigas dentro da estatal e ocorrem desde quando o PSDB estava no governo. A diferença – segundo Pimenta – é que, pela primeira vez, corruptos e corruptores encontraram pela frente um governo disposto a levar essas investigações às últimas consequências, fazendo, por exemplo, com que empresários, antes protegidos de tudo e de todos, fossem presos. Em contraponto, citou escândalos que contaram com a complacência tucana, sem jamais terem sido investigados ou julgados: o mensalão tucano, o esquema para a reeleição de FHC e as privatizações de estatais.
Paulo Pimenta disse ainda que – em momento algum, quando surgiram pessoas de outros partidos envolvidas com algum tipo de ilegalidade – houve uma tentativa de generalizar a postura criminosa para toda a sigla. Explicou também que partido algum está livre de ter pessoas envolvidas em escândalos, mas que, ao ocorrer isso, os partidos precisam estar vigilantes para adotar as medidas necessárias.
“Fica aqui a minha indignação. Nós todos, filiados do PT, estaremos vigilantes, estaremos fazendo o debate, estaremos nas ruas. Nosso partido foi criado para combater a ditadura, esteve do lado do povo brasileiro em momentos muito difíceis, e hoje faz história ao eleger Lula duas vezes, ao eleger Dilma como a primeira mulher presidenta da República e ao reconduzi-la ao cargo”, finalizou.
PT na Câmara