Desde 2003, quando o programa foi criado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mais de 2,8 milhões de famílias, que antes eram beneficiadas, abriram mão de receber o benefício. Seja por meio do desligamento voluntário, seja porque optaram por não se recadastrarem.
Empregada doméstica desde os 21 anos, Francineide Lopes Macedo hoje tem 41 anos e é mãe de três filhos. Ela conta que nem sempre foi fácil administrar as contas da casa. “O Bolsa Família ajudou muito. Era sempre um dinheiro extra para comprar o material e o lanche para as crianças e ajudava nas despesas da casa”, conta.
Mas hoje a história é diferente. Neide, como gosta de ser chamada, preferiu abrir mão do benefício há pouco mais de um ano. “Se vierem aqui na minha casa vão ver que tenho tudo! Fogão novo, geladeira, TV de LDC 42 polegadas”, comemora.
Segundo ela, não há nada que a deixe mais incomodada que o preconceito contra quem recebe o Bolsa Família. “Muitas pessoas reclamam, dizem que é coisa de quem não quer trabalhar. Eu trabalho. Sempre trabalhei. Mas nem sempre dá para viver só do salário”, declara.
Neide e a família moram no bairro Dom Bosco, na Cidade Ocidental, município da região do Entorno do Distrito Federal, distante 50 quilômetros do centro de Brasília. A casa própria, conta orgulhosa, foi conquistada há cerca de três anos, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida. “Esse ano já conseguimos colocar o piso e cercar. Tudo do jeito que a gente queria”, compartilha, emocionada.
“Cada dia que passa nossa vida está melhor. Ganho meu salário, meu marido ganha o dele e me conformo com o que eu ganho. Não tenho do que reclamar”, confidencia.
Campanha de recadastramento – O governo federal realiza, até o dia 12 de dezembro, o recadastramento de famílias que recebem o Bolsa Família. Para a fase de 2014, 1,2 milhão foram selecionadas e receberam os avisos no extrato de pagamento do programa. Até outubro, 674,1 mil já haviam passado pelos postos de atualização cadastral, em todo o país.
É por meio dessa conferência de dados que o governo faz parte do controle necessário para evitar fraudes, desvios e evita pagamentos a famílias que não mais se enquadram no perfil de beneficiários.
Para manter o cadastro ativo é preciso informar ao órgão competente em cada município qualquer mudança no endereço residencial, na localização da escola dos filhos ou na composição da família. É necessário ainda comprovar a renda e a frequência escolar dos filhos.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias.