O servidor público do Ministério da Justiça, de 32 anos, passava pelo local onde um grupo de aproximadamente 500 pessoas pediam o impeachment da presidenta reeleita democraticamente no último domingo (26). Gonçalves conta que três, das seis faixas da via estavam bloqueadas pelos os manifestantes e, por isso, o trânsito era lento.
Ele conta que ao se aproximar do grupo, ouviu gritos de ofensas ao PT e aos eleitores de Dilma. “Enquanto eram só gritos e xingamentos, nós achávamos engraçado o choro dos perdedores. Até que partiram para cima do carro, com bastante violência”, conta.
Logo após o vidro do passageiro estilhaçar, ele desceu do carro para conter os agressores, que dispersaram-se após o ataque. A esposa dele teve pequenos arranhões no braço e a filha do casal ainda está bastante abalada. “Para ela, foi mais complicado. Se nós ficamos assustados, imagina uma criança, que não entende essas coisas”, afirma.
Gonçalves não soube dizer quantas pessoas participaram da agressão. Ele lembra, no entanto, que um trio elétrico conduzia a manifestação e incitava as pessoas a cometerem o violento ato. “Quando você vê sua esposa aflita e sua filha chorando, você perde a noção de tudo”, recorda.
O mais surpreendente, segundo ele, foi o ódio com o qual eram proferidos os xingamentos, todos refletidos na violência contra ele e outros carro que também foram atacados. “Não tem explicação. O ódio era nítido e impregnado de tal forma que deixa as pessoas cegas”, conclui Gonçalves.
“A manifestação política faz parte do processo democrático, mas temos visto cada vez mais pessoas que não aceitam quem pensa diferente”, afirma.
O servidor público registrou as agressões na delegacia da Polícia Civil. O órgão deve colher imagens das câmeras de segurança dos prédios próximos para identificar os agressores. Ele avalia, também, responsabilizar os organizadores da passeata. “O mais importante é evitar que esse tipo de violência aconteça de novo”, espera.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias.