A segunda, é a reportagem de capa da revista Veja, que forjou declarações do doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal (PF), para tentar relacionar a presidenta Dilma Rousseff a irregularidades praticadas na Petrobrás, o que foi novamente desmentido pela defesa do acusado.
Segundo o sócio do Veritá, Adriano Silvoni, e Leonard de Assis, estatístico do instituto, a campanha de Aécio manipulou dados de levantamento nacional sobre intenções de votos par a Presidência da República para simular vantagem de Aécio em Minas, estado que governou por oito anos e no qual foi derrotado por Dilma.
“O estudo não foi feito com essa finalidade”, informou Assis ao jornal paulista.
“Para Minas, foram 561 questionários. Não é confiável”, completou Silvoni.
Eles afirmam que o publicitário Paulo Vasconcelos, responsável pela propaganda de Aécio, foi avisado sobre a imprecisão dos dados das intenções de voto do eleitorado mineiro.
“Eu falei: ‘pode pegar, mas cite, por favor, que não representam a realidade de Minas’”, lembra Assis à Folha.
O pedido não foi atendido e o material estampou manchete do jornal mineiro “Hoje em Dia”, enfatizando diferença de 14 pontos entre Aécio e Dilma no estado.
Para completar a farsa, fruto do desespero dos tucanos frente à derrota iminente, os dados falseados foram utilizado em material distribuído pelo comitê tucano e até no debate eleitoral promovido pela TV Band.
“Pesquisas mostram que estou mais de 10 pontos na sua frente (em Minas)”, afirmou Aécio a Dilma.
“Eles não podiam usar nesse contexto”, disse Assis, responsável pela tabulação dos dados.
“Não representa Minas. Não é o real cenário do Estado”, completou.
Veja – Em relação à falsa reportagem da revista Veja, coube ao advogado do doleiro Alberto Youssef, Antonio Figueiredo Basto desmentir a publicação.
A última edição estaria nas bancas somente no último domingo, mas teve a distribuição antecipada para a sexta-feira (24) com o objetivo de impactar negativamente a opinião dos eleitores sobre Dilma.
“Ou a fonte da matéria mentiu ou isso é má-fé mesmo”, afirmou Basto ao jornal Valor.
Segundo a revista publicou, o doleiro teria prestado depoimento em delação premiada, no dia 22 de outubro, no qual afirmou que a presidenta tinha conhecimento de irregularidades na estatal.
“Nesse dia não houve depoimento no âmbito da delação. Isso é mentira”, enfatiza o advogado.
“Asseguro que eu e minha equipe não tivemos nenhuma participação nessa divulgação distorcida”, afirmou ao Valor.
O material foi amplamente utilizado pela campanha de Aécio em propagandas nos programas eleitorais de rádio e tevê, foi fartamente distribuído nas ruas de diversas cidades do País e chegou a ser citado pelo tucano no último debate com Dilma, na TV Globo.
Suposição – A reportagem de Veja baseou-se numa suposição de Youssef, revelada durante conversa informal com advogados e investigadores do caso.
“Todo mundo lá em cima sabia”, teria dito o doleiro, sem apontar nomes ou provas.
A frase foi suficiente para a revista montar sua versão mentirosa para favorecer Aécio, em desvantagem nas pesquisas, como comprovaram as urnas.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reconheceu a inconsistência do material publicado pela revista e concedeu direito de resposta à campanha de Dilma. A ordem judicial, só foi integralmente cumprida após a Justiça Eleitoral ameaçar multar Veja em R$ 250 mil por cada hora de desrespeito à decisão.
O superintendente da PF no Paraná, delegado Rosalvo Ferreira Franco, abriu inquérito para apurar as circunstâncias dos vazamentos de informações relativas às investigações que envolvem o doleiro.
Por Áureo Germano, da Agência PT de Notícias