Uma das maiores controvérsias no atual debate eleitoral versa sobre a inflação, se está ou não fora de controle. É necessário que se faça uma análise técnica, o que não tem ocorrido. A renda das famílias no Brasil cresce há 44 trimestres consecutivos. Em suma, apostar na desinformação em nada ajuda no necessário debate econômico.
Uma das maiores controvérsias no atual debate eleitoral versa sobre a inflação, se está ou não fora de controle. É necessário que se faça uma análise técnica. Primeiramente o óbvio: a inflação, qualquer que seja, corrói o poder de compra, em termos nominais, dos salários. Isso vale para qualquer país e qualquer período. O que importa, nesse caso, é o tamanho da taxa de inflação e se as reposições salariais recompõem o poder de compra dos trabalhadores.
Em relação ao tamanho, a inflação no Brasil, medida pelo IPCA, tem sido, no governo Dilma, em torno de 6% ao ano. No Governo Lula, a inflação anual média foi de 5,77% e, no Governo FHC, de 9,10% ao ano. Já no Governo Sarney, chegou a 1.973% em 1989, e, no Governo Itamar, atingiu 2.477% em 1993. Fora de controle, portanto, esteve nesses dois casos, mas, evidentemente que no governo Dilma e, tampouco, nos governos Lula e FHC, a inflação esteve fora de controle.
Quanto à recomposição do poder de compra dos salários, o Dieese informa que cerca de 90% dos trabalhadores conseguiram, em 2013 e 2014, a reposição da inflação, ou mesmo, aumento real. Por essa razão, a renda das famílias no Brasil cresce há 44 trimestres consecutivos. Qualquer estudante do 1º período de Economia sabe que não há descontrole da inflação no Brasil e tampouco ela reduziu o poder de compra dos salários. Não é razoável, portanto, que dois economistas experientes, um, candidato a Presidente, e outro, seu “sugerido” Ministro da Fazenda, continuem batendo nessa tecla de descontrole da inflação.
A abordagem dos problemas do país deve ser feita de forma mais técnica, o que não tem ocorrido no caso da discussão sobre a inflação. Em suma, apostar na desinformação em nada ajuda no necessário debate econômico.
Júlio Miragaya – Conselheiro do Conselho Federal de Economia
Publicado originalmente no Jornal de Brasília –23.10.14 – Página 11 – OPINIÃO
http://www.jornaldebrasilia.com.br/edicaodigital/pages/20141023-jornal/pdf/11.pdf