Uma semana após o primeiro turno das eleições, a presidenta Dilma Rousseff somou à campanha pela reeleição o apoio de integrantes dos partidos PSB, PSOL e PCdoB. Mesmo com visões distintas de projetos para o país, todos eles compartilham do mesmo sentimento em relação a candidatura de Aécio Neves (PSDB): um eventual governo tucano representaria um retrocesso para o País.
Na Paraíba, o governador candidato à reeleição pelo PSB, Ricardo Coutinho, decidiu divergir do posicionamento nacional do partido, que optou pelo tucano, e manifestou apoio à Dilma no segundo turno. “Respeito a decisão do meu partido, mas existe, tanto no campo ideológico e político, maior compatibilidade do nosso projeto com o projeto da presidenta Dilma”, justifica.
Em São Paulo, a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), ligada ao PSB e ao PCdoB, também se posicionou favoravelmente a reeleição da presidenta. No manifesto, disponível no site da CTB, a direção executiva nacional da central formalizou o apoio integral à petista e abordou riscos que o Brasil estará sujeito, na eventualidade de eleição de Aécio Neves.
“A candidatura do tucano Aécio Neves representa o risco de retrocesso neoliberal. Na economia, acena com um ajuste fiscal que trará de volta o desemprego em massa, a flexibilização e redução de direitos trabalhistas, arrocho salarial, fim da política de valorização do salário mínimo, criminalização e repressão das lutas e movimentos sociais; no plano externo vai restabelecer a política de subordinação aos EUA e ressurreição da Alca”, adverte a CTB.
O diretório estadual do PSB na Bahia também apoiará a candidata petista. A decisão foi liderada pela senadora Lídice da Mata, que disputou, sem êxito, o primeiro turno das eleições ao governo da Bahia. Por meio de uma nota pública, o partido informou não ter “nada contra” Aécio, mas apontou a candidatura de Dilma como a “menos distante” do posicionamento político e ideológico do partido.
Projetos distintos – Tanto o PSOL, em âmbito nacional, quanto a candidata que disputou o primeiro turno das eleições pelo partido, Luciana Genro, optaram por não apoiar as candidaturas de Aécio e Dilma. Entretanto, Luciana sugeriu aos militantes, na última quarta-feira (8), que votem “branco, nulo ou em Dilma”.
A decisão oficial do partido não interferiu no posicionamento dos deputados eleitos Marcelo Freixo (RJ), Jean Wyllys (RJ), Edmílson Rodrigues (PA), Chico Alencar (RJ) e Ivan Valente (SP). Todos eles declararam apoio à reeleição da petista e julgam o projeto tucano como danoso para o país.
Para Wyllys, está em jogo dois projetos distintos de governo. “Aécio representa uma coligação de partidos de ultradireita, com uma base ainda mais conservadora que a do governo Dilma no parlamento. Esse alinhamento político-ideológico à direita entre Executivo e Legislativo é um perigo para a democracia”, analisa.
O deputado lembra, ainda, os ganhos sociais concretizados nos últimos 12 anos de governos do PT, como a redução da miséria, aumento do acesso ao ensino superior e o programa Mais Médicos, como razões que motivaram o seu apoio.
Garantir avanços – Para o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, Dilma representa um novo ciclo de mudanças para o país. Na página oficial do partido, ele divulgou um texto no qual manifesta apoio à candidata do PT. “Dilma empreendeu um corajoso debate programático com seus adversários, defendeu as conquistas de seu governo usando como arma a verdade contra a mentira”, diz Rabelo. Segundo ele, a petista apresentou um elenco de compromissos de novas conquistas econômicas, sociais e políticas “ainda mais arrojadas para o futuro”.
Manifesto dos Juristas – Mais de 470 juristas, entre advogados, professores, e estudantes de Direito também formalizaram apoio à candidatura petista ontem (10). No Manifesto dos Juristas, disponível na internet, eles defendem Dilma por bandeiras como a Reforma Política, democratização da mídia, defesa dos movimentos sociais, pelo fim da miséria e das desigualdades sociais.
Os juristas declaram ainda que apoiam Dilma pela não privatização da Petrobras, do Banco do Brasil e das Universidades Federais. As medidas são defendidas por Aécio Neves e peessedebistas.
Por Victoria Almeida, da Agência PT de Notícias.