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Braga Netto precisa confirmar ameaça de golpe; Lira tem de abrir o que sabe

O ministro da Defesa, Braga Netto, precisa vir a público e confirmar se enviou ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), uma ameaça de golpe caso o Congresso não aprove o voto impresso, como quer o presidente Jair Bolsonaro. A informação da ameaça golpista foi publicada nesta quinta-feira pelo jornal “O Estado de S.Paulo”. Segundo a reportagem, Braga Netto mandou o recado a Lira por meio de um interlocutor faz duas semanas.

A mensagem foi a seguinte, diz o jornal: “A quem interessar, diga que, se não tiver eleição auditável, não terá eleição”.

Ora, interessa ao povo brasileiro saber se temos um ministro da Defesa golpista que fala em nome de comandantes militares golpistas para atentar contra a democracia e a Constituição. Se sim, Braga Netto e seus cúmplices têm de ser demitidos, processados e presos. Num tuíte nesta manhã, disse bem o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB): “Muito importante que o Ministério da Defesa se manifeste imediatamente. Denúncia gravíssima. A democracia admite tudo, menos crimes que visam destruí-la”. Exatamente. A democracia admite tudo, menos crimes que visem destruí-la. Sempre é bom repetir isso no Brasil atual. Flávio Dino reagiu à altura. É preciso que o Supremo Tribunal Federal, o Ministério Público Federal, a Ordem dos Advogados do Brasil, a imprensa e outras entidades da sociedade civil respondam com firmeza a esse golpismo de república de bananas. O presidente da Câmara também precisa dar os seus esclarecimentos. É de interesse público descobrir quem é o interlocutor que dá recados ameaçando rasgar a Constituição e cancelar eleições. Braga Netto não é burro. Finge ser ignorante como o chefe. Mas o ministro da Defesa sabe que a urna eletrônica é auditável. O Brasil tem um sistema seguro de votação. A tentativa bolsonarista de recriar o voto impresso tende a ser derrotada no Congresso. Braga Netto e militares golpistas também sabem que Bolsonaro vai perder a eleição presidencial do ano que vem. Há inúmeros crimes comuns e de responsabilidade cometidos pelo presidente e seus ministros na tragédia sanitária que o Brasil vive, como já apurou a CPI da Covid. Existem suspeitas de “rachadona militar” nas compras de vacinas. E tem ainda o fantasma da “rachadinha” da família Bolsonaro. Esse golpismo é tentativa de intimidar as instituições para que todos possam fugir da polícia. Essa turma compreendeu que vai ser difícil arrumar outra anistia para crimes de militares como aconteceu no fim da ditadura.

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