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Partidos alemães chegam a acordo de coalizão

uase dois meses após as eleições parlamentares na Alemanha, os três partidos que negociam a formação de um governo chegaram a um acordo de coalizão.

“Estamos unidos pela vontade de tornar este país melhor”, disse nesta quarta-feira (24/11) o social-democrata Olaf Scholz (SPD) ao lado de representantes dos partidos Verde e Liberal Democrático (FDP).

As negociações entre as três legendas começaram oficialmente no fim de outubro. Após o acordo de coalizão, os três partidos precisam aprovar individualmente o acordo, que tem 177 páginas e foi negociado ao longo de dois meses.

Se essa etapa for bem-sucedida,Scholz deve ser eleito pelo Bundestag (Parlamento) na semana do dia 6 de dezembro como sucessor de Angela Merkel no cargo de chanceler federal. 

A conservadora Merkel vai deixar o poder após 16 anos. Já a nova coalizão deve marcar a volta de um governo liderado pelo Partido Social-Democrata após mais de uma década e meia. Scholz é atualmente ministro das Finanças do governo Merkel, como parceiro minoritário de coalizão, e nas eleições de setembro seu partido ultrapassou a União Democrata Cristã (CDU) da atual chanceler. 

Em coletiva de imprensa nesta quarta, Scholz prometeu implementar “políticas de alto impacto”.

Antes, no entanto, os três partidos tiveram que superar diferenças. Somente na terça-feira, social-democratas, verdes e liberais chegaram a um consenso sobre o tema proteção climática. O acordo tripartite prevê uma expansão maciça das energias renováveis.

A meta é fazer com que até 2030 as energias eólica e solar cubram 80% do consumo de energia na Alemanha e um terço dos carros sejam completamente elétricos. Pouco tempo depois, licenças para veículos com motor a combustão deverão deixar de ser concedidas. A coalizão também pretende antecipar o abandono da energia a carvão de 2038 (meta atual) para 2030.

O acordo ainda prevê um aumento do salário mínimo – dos atuais 9,5 euros por hora para 12 euros – e a criação de um Ministério da Habitação.

O combate à covid-19 também é uma questão prioritária “em uma altura em que todos os dias assistimos a um novo máximo de incidência”, disse Scholz.

“A principal potência industrial da Europa vai ter um novo governo, uma aliança sem precedentes, cujo objetivo é modernizar este país, o que requer um grande esforço”, disse Robert Habeck, colíder dos verdes.

“Estamos enfrentando o grande desafio de uma crise de saúde. Mas estamos também enfrentando outros desafios persistentes, que temos de enfrentar, como a digitalização e a modernização do país”, disse o líder dos liberais, Christian Lindner. “Scholz será um forte chanceler para a Alemanha”, completou Lindner. 

Ministérios

Na coletiva de imprensa, representantes dos três partidos evitaram anunciar oficialmente os nomes dos ministros do novo governo.

Mas é considerado como certo que o chefe dos liberais será o novo ministro das Finanças, e os chefes do Partido Verde Annalena Baerbock e Robert Habeck comandarão, respectivamente, a prestigiosa pasta das Relações Exteriores e um novo superministério englobando as áreas de proteção climática e economia.

O acordo de coalizão prevê que os social-democratas controlem, além do posto de chanceler federal e da chefia de gabinete da Chancelaria (similar à Casa Civil no Brasil), os ministérios do Interior, da Defesa, da Saúde e do Trabalho e da Cooperação Econômica, assim como uma nova pasta chamada Construção e Moradia. Os verdes devem assumir o ministério de Clima e Economia, além das pastas de Exterior, Meio Ambiente, Agricultura e Família. Os liberais devem ficar com os ministérios das Finanças, do Transporte, da Justiça e da Educação.

“Coalizão semáforo”

O SPD foi o partido mais votado nas eleições gerais de 26 de setembro, com 25,7% dos votos. O Partido Verde obteve o melhor resultado da sua história, com 14,8%, e os liberais alcançaram 11,5%.

Tradicionalmente uma coalizão de governo necessita alcançar a maioria absoluta no Parlamento (o que também garante a eleição do candidato indicado a chanceler pelo Bundestag), já que os partidos alemães costumam ser avessos a governos de minoria.

Se se concretizar, esta será a primeira aliança tripartidária a governar a Alemanha desde os anos 1950. E esta seria a primeira vez que uma “coalizão semáforo” – em alusão às cores dos partidos social-democrata (vermelho), liberal (amarelo) e verde – governaria em nível federal na Alemanha, pondo fim aos 16 anos de governo conservador sob Merkel.

Chefiado pela chanceler federal, o governo atual é composto pela união entre o partido dela, a União Democrata Cristã (CDU), e seu partido irmão União Social Cristã (CSU) e o Partido Social-Democrata (SPD). A aliança entre as duas maiores bancadas é chamada de “grande coalizão”.

Os conservadores amargaram o pior resultado de sua história nas eleições de setembro, obtendo 24,1% dos votos, e uma repetição da aliança com o SPD foi descartada por ambos os partidos.

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