Enfrentando o coronavírus

As boas e as ainda tristes notícias sobre a Covid

Em breve, é possível que crianças de 5 anos ou mais possam tomar a vacina contra a Covid, com o que diminuiria ainda mais o risco de que o vírus fosse carregado até as casas, onde por vezes vivem idosos, mais frágeis.

cidade de São Paulo talvez daqui a pouco possa viver por uns dias sem mortes por Covid. O grande sucesso da vacinação fez com que o número de mortes baixasse de modo expressivo, embora ainda cause consternação e preocupação. Ainda devemos e podemos fazer muito mais.

A taxa de vacinação dos adolescentes de 12 a 17 anos é pequena mesmo na capital paulista, de vacinação muito avançada (menos de 12% deles tomaram as duas doses). No Brasil, em quatro estados menos de 50% da população com 12 anos ou mais foi totalmente vacinada; em 14 estados, menos de 60%. Em São Paulo, a taxa é de 80%. Na média do Brasil, afora São Paulo, de 61%.

Muita gente ainda corre risco, embora não saibamos do tamanho do problema. Muita gente previamente infectada tomou também pelo menos uma dose de vacina, o que acabou produzindo uma imunização selvagem. Mas não convém subestimar o risco de surtos.

No estado de São Paulo, cerca de 60 pessoas ainda perdem a vida por Covid, todos os dias. No auge do horror, em abril deste ano, eram mais de 800 por dia. Sim, é um progresso. Mas quando poderemos falar em “controle” da epidemia?

É bem possível que a doença se torne endêmica, sabe-se lá com qual gravidade ou com qual potencial de surtos preocupantes. Por ora, ainda é uma doença muito grave e longe de controlada, embora a mortalidade venha caindo mesmo com a reabertura quase completa da economia e a volta do convívio social aglomerado.

Quão preocupante é a Covid?

Pode-se comparar a morte pela doença com outros motivos de óbitos, mais para ter uma dimensão aproximada do problema do que uma medida da gravidada restante da epidemia.

Em São Paulo, as causas de morte mais comuns são relacionadas a doenças ou falências do coração. Antes da epidemia, em 2019, a média diária de mortes por “infarto agudo do miocárdio” era de 464. “Doença isquêmica crônica do coração”, 132. De “insuficiência cardíaca”, 124. “Cardiomiopatias”, 105. Cerca de 5.800 pessoas morriam por dia no estado, no total.

A segunda causa de morte mais comum eram as “pneumonias por microorganismos não especificados”, com 363 vítimas por dia. Um espanto, ainda morriam diariamente 29 pessoas por doença de Chagas no estado mais rico do país.

Os motociclistas acidentados eram 24 dos mortos por dia, quase tantos quanto as vítimas de “agressão por objeto cortante ou penetrante” e outros acidentados em veículos motores, ambos com 23 por dia. Os pedestres atropelados, 21. Sim, somos uma sociedade violenta e acostumada à violência.

Vamos relembrar que os mortos por Covid em São Paulo ainda são 60 por dia, tantos quanto as vítimas de vários tipos de cânceres. Não é possível comparar esse número de mortes com aquele de doenças muitas vezes resultado de longa degradação da saúde ou com o de acidentes. A Covid é uma doença infecciosa, que se pega em geral de uma nuvem de vírus de uma pessoa contaminada ou já doente. Dois terços dos mortos têm mais de 60 anos; mais de 70% tinham alguma dita “comorbidade”, em geral doença cardíaca e/ou diabetes, em cerca de metade dos casos (dados paulistas).

O risco de pessoas mais jovens e saudáveis é agora pequeno; o risco de que possa haver um surto causado por jovens é considerável, ainda mais em regiões de ainda baixa taxa de vacinação completa. Ainda sabemos pouco sobre a duração e o tipo de imunidade que as vacinas oferecem. A guerra ainda não acabou.

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