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PAULINA CHIZIANE: PRIMEIRA MULHER NEGRA A GANHAR O PRÊMIO CAMÕES DE LITERATURA

Em 33 anos de existência, o Prêmio Camões de Literatura, um dos principais do mundo, nunca havia elegido uma mulher negra vencedora. A escritora moçambicana Paulina Chiziane, de 66 anos, é a primeira.

Os intelectuais de vários países que elegeram Chiziane vencedora da honraria levaram em conta não só o reconhecimento “acadêmico e institucional” de suas obras, mas também o que essas obras retratam majoritariamente: “os problemas da mulher moçambicana e africana”.

Longe de ter o mesmo reconhecimento dado a homens brancos ou mesmo mulheres brancas, Pauline Chiziane é a primeira moçambicana a publicar um romance. Em 1990, ela escreveu “Balada de Amor ao Vento”, nunca editado no Brasil. Chiziane também é autora de “Niketche: Uma História de Poligamia” e “O alegre canto da perdiz”, que estão entre as nove obras da escritora.

“A Lei Federal 10.639/03 determina o ensino da História e a Cultura da África para a Educação Básica, e é importante que conheçamos Pauline Chiziane: uma mulher negra que traduz a história do seu povo, sobretudo das mulheres. Em tempos de retrocesso e ataque aos direitos do povo preto, temos que fortalecer quem nos representa”, avalia a dirigente do Sinpro-DF Márcia Gilda.

O resultado do Prêmio Camões foi publicado na no último dia 20 de outubro.

Biografia de Paulina Chiziane
Paulina Chiziane nasceu em 04 de junho de 1955, em Manjacaze, vila rural moçambicana, mas, com seis anos de idade, mudou-se para Maputo. Seus pais eram protestantes, portanto, o cristianismo esteve fortemente presente em sua formação. Além disso, cresceu em um país dominado pelos portugueses.

A independência de Moçambique só ocorreria em 1975, depois de anos de luta armada entre guerrilheiros moçambicanos e soldados portugueses. Isso explica o anticolonialismo do pai da autora, que ensinou sua filha a se comunicar por meio do chope, um idioma ligado ao grupo étnico ao qual pertencia a sua família.

Além disso, Chiziane aprendeu a língua ronga, em Maputo, onde iniciou seus estudos em uma escola católica, e acabou aprendendo também o idioma português. Já sua juventude foi marcada pela atuação na Frelimo, a Frente de Libertação de Moçambique, responsável pela luta em prol da independência do país.

Após a independência, teve início uma guerra civil. Paulina Chiziane, então, tornou-se voluntária na Cruz Vermelha durante o conflito, e sua atuação política não cessou após o fim da guerra, em 1992. A autora passou a fazer parte do Núcleo das Associações Femininas da Zambézia (Nafeza), organização não governamental criada em 1997, na cidade de Quelimane.

Nessa época, já tinha publicado seu primeiro romance — Balada de amor ao vento —, em 1990, mas seu sucesso como escritora chegou em 2002, com a publicação do livro Niketche: uma história de poligamia. Por essa obra, ela ganhou o Prêmio José Craveirinha, da Associação dos Escritores Moçambicanos.

Fonte: SINPRO-DF

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