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Um dia após vitória do SPD na Alemanha, Lula se reúne com representante da sigla no Brasil

O ex-presidente Lula (PT) não perdeu tempo e, nesta segunda-feira (27), um dia após a vitória do SPD (Partido Social-Democrata) nas eleições da Alemanha, se reuniu com um representante de entidade política ligada à sigla alemã no Brasil.

Junto com a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), Lula esteve na parte da tarde com Christoph Heuser, da Fundação Friedrich Ebert Brasil, que é associada ao SPD.

“Junto com Lula tive a satisfação de receber Christoph Heuser, da Fundação Friedrich Ebert, do SPD, partido q ganhou maior número de cadeiras no parlamento alemão. Parabenizamos a vitória e desejamos q o governo da social democracia seja p/ampliar o bem estar do povo!”, escreveu Gleisi ao publicar uma foto do encontro em suas redes sociais. Lula, por sua vez, compartilhou a imagem em seu perfil oficial.

Segundo a Fundação Friedrich Ebert, na reunião foram tratados os “rumos da democracia no Brasil e no mundo e como os resultados da eleição alemã impactam e apontam novos caminhos para a Alemanha e a política global”.

Após o encontro, o PT divulgou uma carta, assinada por Lula e Gleisi, saudando a vitória dos SPD na eleição alemã. “Estamos certos de  que sob a liderança do SPD, a Alemanha irá contribuir para um mundo mais equilibrado, multipolar e solidário, que reflita a geopolítica do século XXI”, diz um trecho do documento.

Com vitória apertada, o SPD conquistou a maioria das cadeiras no parlamento alemão. Agora, a sigla tentará formar uma coalizão com o partido Os Verdes (esquerda ligada às causas ambientais) e com o FDP (Partido Democrático Liberal) para montar um governo e emplacar o social-democrata Olaf Scholz como novo chanceler, após 16 anos de chancelaria comandada por Angela Merkel, que é do CDU (União Democracia Cristã), partido que ficou em segundo lugar neste pleito.

Proximidade entre Lula e sociais-democratas alemães

O PT tem uma proximidade que não vem de hoje com os sociais-democratas da Alemanha e a chance de Lula vencer as próximas eleições abrem a possibilidade de uma relação ainda mais amistosa entre o Brasil e o país Europeu caso o SPD consiga, de fato, formar uma coalizão e montar um governo com seu representante, Olaf Scholz, como novo chefe de Estado.

Uma das ocasiões em que a relação entre Lula e os sociais-democratas alemães foi explicitada se deu na visita que ex-líder do SPD e ex-presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, fez ao petista na prisão em agosto de 2018.

Na ocasião, Schulz disse “nós [sociais-democratas] temos um grande interesse em uma vitória eleitoral do PT”, e declarou ainda que não é “um especialista na lei criminal brasileira” mas que “confia” e “acredita” em Lula.

“O Brasil merece um presidente que defenda a justiça social, o respeito e a cooperação multilateral. Este é o projeto do Partido dos Trabalhadores que eu apoio”, afirmou.

O ex-presidente brasileiro, por sua vez, entregou uma carta ao líder alemão em que diz: “Aos companheiros democratas da Alemanha, quero agradecer a solidariedade de vocês desde os tempos das greves de 1980. Agora fizeram um golpe, tirando uma presidente eleita, e agora com um golpe judicial não querem que eu concorra a Presidência do Brasil. Conto com a solidariedade do povo alemão”.

Os dois políticos já tinham estado juntos em outras ocasiões, como em 2015, quando o petista foi a Berlim. “Um prazer encontrar o ex-presidente do Brasil e inspirador progressista Lula da Silva”, disse Schulz à época.

Já em março deste ano, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou o processo do triplex do Guarujá, declarou a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro e devolveu a Lula seus direitos políticos, Schulz foi às redes sociais para, mais uma vez, declarar apoio ao petista em um pleito eleitoral. “Há dois anos visitei o ex-presidente brasileiro Lula em Curitiba – em sua cela de prisão. O Supremo Tribunal Federal deu-lhe ontem de volta todos os seus direitos políticos e ele deve concorrer às eleições de 2022! Terá o meu apoio”, escreveu.

“Se Lula tivesse sido candidato, Bolsonaro não teria sido eleito. É preciso ter em mente que o que sustenta a democracia não é só a vontade popular, mas também a vontade da mídia, que está disposta a sacrificar a democracia em nome de seus interesses”, declarou ainda.

Poucos dias depois, em 24 de março, Schulz e Lula tiveram uma reunião virtual. “Solidariedade com as brasileiras e brasileiros nesse dramático momento de crise sanitária, econômica e ambiental. O negacionismo da ciência não pode ser o caminho! Obrigado Lula pela excelente conversa e seu compromisso com o Brasil!”, afirmou o alemão na ocasião.


Lula e Schulz conversam em reunião virtual sobre a crise sanitária global e seus desdobramentos / Arquivo pessoal Martin Schulz / Twitter

As ligações de Lula com a social-democracia alemã não se limitam a Schulz. Em março de 2020, poucos meses após deixar a prisão, por exemplo, o ex-presidente fez uma viagem pela Europa e, quando esteve em Berlim, visitou a sede do SPD e se reuniu com o presidente da legenda, Norbert Walter-Borjans.

“A democracia não é uma questão dada. Ela exige que nós saibamos o tempo todo que ela está em perigo”, disse Walter-Borjans neste dia.

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