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Almoço solidário vende 400 refeições e reafirma solidariedade na pandemia

Os recursos arrecadados com a venda das refeições serão revertidos à compra de cestas básicas que contemplarão aproximadamente 200 famílias de catadoras e catadores de materiais recicláveis

Eram quase 11h15 quando Valter Matos chegou na sede da CUT-DF para retirar sua refeição. Ele, que é servidor público aposentado, ficou sabendo do almoço solidário pelas redes sociais e levou consigo duas marmitas: uma de rocambole de carne e outra de bobó de frango, ambas acompanhadas por arroz, farofa e salada.

“Domingo é dia de comer fora. E, sabendo da ação realizada pela CUT-DF, preferi, naturalmente, comprar aqui. Uma ação dessa, na conjuntura da pandemia, é algo extraordinário, porque a gente experimenta a solidariedade de classe e desenvolve o sentimento de compaixão. É algo mínimo que podemos fazer em tempos tão difíceis”, afirmou.

Ao longo da tarde, outras dezenas de pessoas que fortaleceram o almoço solidário realizado pela CUT-DF, Central de Movimentos Populares (CMP), a Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do Distrito Federal (Centcoop) e pela Rede Solidariedade passaram na sede da Central para retirar sua alimentação. Ao todo, 400 refeições foram vendidas. Desse total, metade dos pedidos não foram retirados e foram doados aos moradores de rua do centro da capital federal.

Mais do que saciar a fome das pessoas que compraram a refeição, a venda do almoço solidário teve propósitos bem maiores: ajudar as catadoras e os catadores de materiais recicláveis do DF que, assim como milhares de brasileiras e brasileiros, têm enfrentado grandes dificuldades na pandemia. Todo o valor arrecadado com a venda dos alimentos será revestido à compra de cestas básicas que serão doadas ao grupo. Aproximadamente, 200 famílias serão beneficiadas com ação.

“A arrecadação da ação foi um sucesso! Os recursos da venda dos alimentos alimentarão centenas de famílias, que receberão cestas básicas. Quero agradecer a todas e todos que colaboraram, àqueles que fizeram o almoço de domingo conosco e também àqueles que doaram e fizeram essa ação apenas no espírito da solidariedade. Um agradecimento também às pessoas que divulgaram nossa atividade. Foi uma ação vitoriosa que demonstrou a solidariedade da classe trabalhadora”, afirmou o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues.

Segundo a diretora social da Centecoop, Keysianny Lima, a iniciativa da CUT-DF e das demais organizações será fundamental para que as famílias contempladas tenham comida no prato.  “Essa ação ajudará, principalmente, as catadoras e os catadores que são do grupo de risco e não estão trabalhando por conta da pandemia. Serão cerca de 200 famílias contempladas com cestas básicas”, disse.

A iniciativa foi elogiada também pelos representantes da Rede Solidariedade e da CMP. “Foi uma ação maravilhosa! Juntamos sindicatos, movimentos, partidos para ajudar as catadoras e os catadores de materiais recicláveis. Isso é solidariedade de classe, é união. Um mais um é sempre mais que dois”, afirmou Cristiane Santos, representante da Rede.

“Foi uma ação de solidariedade fundamental. A categoria está com o trabalho muito prejudicado. Sempre foi um trabalho difícil, mas a pandemia agravou o cenário. Muitas companheiras e muitos companheiros estão sem renda para sua subsistência. Dessa forma, essa iniciativa é grandiosa”, afirmou.

Solidariedade em tempos de pandemia

Com a chegada da pandemia e com a ausência de políticas públicas para resguardar a população mais vulnerável, muitas brasileiras e brasileiros passaram a depender da solidariedade de organizações, movimentos sociais e sindical, além de pessoas da sociedade civil para sobreviver. São essas ações organizadas que têm garantido que milhares de famílias tenham acesso ao mínimo e sobrevivam com dignidade. A CUT-DF e seus sindicatos filiados têm realizado inúmeras ações nesse sentido.

Um estudo coordenado pelo Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça da Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com a Universidade de Brasília (UnB), aponta que, no Brasil, mais de 125,6 milhões de pessoas não se alimentam como deveriam.

A análise demonstra ainda que, entre agosto e dezembro de 2020, 59,4% dos domicílios no Brasil apresentaram algum grau de insegurança alimentar − termo utilizado quando não há acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente. Desse total, 15% estavam em situação de insegurança grave − quando há falta de comida.

A pesquisa destacou também que, nesse período, houve piora na qualidade dos alimentos consumidos pelas brasileiras e pelos brasileiros. Para se ter ideia, o consumo de itens, como carne, frutas e queijos, teve queda de 40%.

Redução do Auxílio

A redução do auxílio emergencial federal e do número de contemplados agravou consideravelmente o cenário. Enquanto em 2020 o benefício socorreu milhares de famílias e ajudou a reduzir a pobreza no país, em 2021, os R$ 250 pagos, em média, sequer permite a compra de itens básicos. No DF, o governo Ibaneis chegou a pagar o auxílio por três meses, em 2020, mas não deu continuidade ao pagamento em 2021.

Paralelo à redução do auxílio − e à extinção, no DF −, itens básicos para a sobrevivência tiveram aumento significativo em entre abril e maio de 2021. De acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), 14 capitais registraram aumento nos valores da cesta básica. Comparando o custo entre maio de 2020 e maio de 2021, o Distrito Federal registrou um reajuste de 33,36%.

“Tudo isso contribuiu para o aumento da extrema pobreza no Brasil. Por isso, é essencial que nós sigamos lutando por uma sociedade mais justa e igualdade para todas e todos. Neste sentido, as doações devem continuar. É importante que tenhamos consciência de que milhares de pessoas estão passando fome e, se temos condições para reduzir esse número, que façamos. Doe, apoie as ações de solidariedade e sigamos lutando por uma sociedade em que não falte comida no prato”, reforçou Rodrigues.

Fonte: CUT DF

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