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Parlamentares visitam Fundação Palmares e constatam sumiço de parte do acervo

Comissão da Cultura da Câmara fez uma vistoria nas condições gerais do acervo e diversas obras e documentos não foram encontrados; Fundação terá que se explicar

Seis parlamentares da Comissão de Cultura da Câmara foram nesta quarta-feira, dia 30, até a sede da Fundação Cultural Palmares, em Brasília, e encontraram parte do acervo guardado em caixas de papelão empilhadas em uma sala inapropriada. Segundo os membros da comissão, o material “corre grave risco de deteriorização”. Além disso, foi constatado o sumiço de obras de arte, presentes e documentos.

O presidente da Palmares, Sérgio Camargo, que elaborou uma lista de obras para serem expurgadas do acervo, não estava na instituição no momento da inspeção.

Os parlamentares deixaram um ofício, que estabelece um prazo de cinco dias para que seja feita uma vistoria técnica da equipe do Centro de Documentação e Conservação da Câmara. Um relatório deve ser elaborado para que se identifique o nível de comprometimento do acervo, que inclui livros, documentos, obras de artes, fotografias e filmagens.

“A sensação é que estamos perdendo a memória histórica do povo negro brasileiro, a memória das lutas e revoluções dos negros”, lamenta a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), da comissão de Cultura da Câmara.

Durante a inspeção no prédio da Fundação Cultural Palmares, os parlamentares identificaram que o acervo não estava devidamente identificado e conservado. “Achamos o acervo incompleto, sem a umidade medida, sem temperatura adequada e guardados em caixas de papelão”, diz a deputada Alice Portugal, presidente da Comissão de Cultura.

A parlamentar destacou que não foram encontradas cartas de alforrias, livros de assentamentos de quilombos, fotografias e obras de arte, entre outros itens. “É um caso de polícia. É necessário o resgate do patrimônio da Fundação, da exposição pública e acesso para os pesquisadores. Vimos aqui um desmonte da Fundação Cultural Palmares e o Brasil precisa saber disso”, aponta.

Além de Alice Portugal e Benedita da Silva, os deputados que participaram da inspeção foram: Érika Kokay (PT/DF), Fernanda Melchionna (PSOL/RJ), Jandira Feghali (PCdoB/RJ) e Orlando Silva (PCdoB/SP).

O acervo da Fundação Cultural Palmares está encaixotado desde janeiro, quando foi feita a mudança da sede. De acordo com os parlamentares, não foram encontrados os presentes dados ao Brasil por personalidades como Nelson Mandela, obras de Rubem Valentim e mestre Didi e os acervos do Festival Mundial de Arte Negra (no Senegal, em 2010) e do Observatório Afro Latino.

“Boa parte do acervo nós não encontramos. São itens que sumiram. O que sobrou não está conservado adequadamente. Não existe nem um sistema de catalogação do acervo”, afirma a deputada Érika Kokay.

Alma Preta Jornalismo entrou em contato com a Fundação Palmares para solicitar um posicionamento sobre os apontamentos dos parlamentares e a agenda de compromisso do presidente Sérgio Camargo na hora da inspeção. Até o fechamento desta matéria, a instituição não respondeu.

Fonte: Alma Preta

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