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Gilmar Mendes: ameaçar STF com Forças Armadas é usá-las como milícia

Ministro do Supremo rebateu ameaça de Eduardo Bolsonaro, que disse que “se quiser fechar o STF você não manda nem um jipe, manda um soldado e um cabo”

 

Gilmar Mendes rebateu o deputado federal Eduardo Bolsonaro, nesta terça-feira (23), que disse que “se quiser fechar o STF você não manda nem um jipe, manda um soldado e um cabo”. Para o ministro do Supremo Tribunal Federal, o parlamentar quer usar o Exército brasileiro como uma espécie de milícia.

“Quando se diz ‘Nós vamos usar um cabo e um soldado’, na verdade está se usando as Forças Armadas como milícia, como polícia. Isso não é próprio. As Forças Armadas são um esteio do sistema hoje. É preciso que esses conceitos sejam clarificados”, concluiu.

Mendes também disse, à Folha de S.Paulo, que a fala de Bolsonaro é uma ameaça à própria Constituição Federal e também revela um autoritarismo maior do que na ditadura militar.

“Ali se fala que com um cabo e um soldado fecha o tribunal. Quando se faz isso, você já fechou alguma coisa mais importante, que é a própria Constituição. É bom lembrar que nem os militares fecharam o Supremo Tribunal Federal”.

“Houve cassação de mandatos de três ministros em 1969, mas não houve fechamento de tribunal, de modo que esse tipo de referência é absolutamente impróprio, inadequado, precisa ser repudiado e acho que o país tem que voltar a respirar ares democráticos, independente de resultado eleitoral”, disse Gilmar.

Incentivo à violência
A família Bolsonaro coleciona declarações antidemocráticas e discursos de ódio. Em junho desse ano, Eduardo Bolsonaro já havia questionado o STF e feito declarações arrogantes como “Alguém precisa parar o STF” e “Enquanto os brasileiros curtem a copa o STF arregaça com o Brasil”.

Jair Bolsonaro, inclusive, voltou a defender o coronel Carlos Aberto Brilhante Ustra, condenado pela Justiça por tortura e assassinato. Para o candidato do PSL, o torturador foi um “herói brasileiro”, em clara apologia à tortura.

Gilmar Mendes disse ainda, nesta terça, que as instituições precisam zelar para que “não haja esse acirramento de ânimo”. O magistrado lembrou ainda que “as Forças Armadas são instituição do Brasil, do Estado, não de um partido político”.

Outros ministros do STF também repudiaram as declarações de Eduardo Bolsonaro. Alexandre de Moraes, o decano Celso de Mello e do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, criticaram a ameaça do deputado federal.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Folha de S. Paulo

 

 

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