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Sindicato dos Professores lança campanha contra Bolsonaro

Uma faixa de mais de 30 metros de largura com os dizeres “Mais de 500 mil mortos. A culpa é dele. Fora Bolsonaro” foi exposta no sábado (19), na plataforma superior da rodoviária do Plano Piloto. O material lança a campanha “A culpa é dele”, apresentada à população do Distrito Federal no dia em que o Brasil ultrapassa o número de meio milhão de pessoas que morreram de uma doença que tem vacina. Minutos após a abertura da faixa, dezenas de policiais militares coibiram o ato e determinaram a retirada do material, alegando que o espaço era tomabado.

“A faixa não foi afixada; ela estava sendo segurada por manifestantes. A repressão da polícia mostra como a nossa democracia está por um fio diante do governo Bolsonaro. Mas nós não vamos nos calar. Continuaremos realizando nossos atos em todo o DF e gritando: a culpa é dele”, afirma a diretora do Sinpro-DF Letícia Montandon.

O objetivo da campanha do Sinpro-DF é explicar à população, de forma didática, que tanto as milhares de mortes causadas pela covid-19 como o desemprego, a fome, a miséria, o desalento, a crescente da violência, o medo têm um culpado: o presidente da república Jair Bolsonaro.

“Depois que Jair Bolsonaro assumiu a presidência da República, a conta do povo brasileiro só cresce. Embora a alta dos preços e a crise do país seja uma realidade avassaladora, ainda se fala pouco sobre quem é o verdadeiro responsável por isso. Para explicar de uma vez por todas que o problema do Brasil é Bolsonaro e sua política anti-povo, o Sinpro-DF lançou a campanha ‘A culpa é dele’”, explica Letícia Montandon.

Além do faixaço neste sábado (19), a campanha realizará nos próximos dias outras ações para dialogar com a sociedade sobre os problemas que atingem a vida de todas e todos, principalmente da parcela da população que está em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

“Vamos espalhar faixas pela cidade, realizar diversas publicações nas nossas redes sociais, realizar atos políticos explicando para a população que existe sim um culpado por a gente não conseguir mais fazer um churrasquinho no fim de semana, por a gente não conseguir mais fazer uma viagem com a família. Temos que explicar que há sim um culpado pelo trabalhador ter perdido o emprego, pelas famílias que voltaram à miséria, pelas mães que choram a perda dos filhos que morreram de covid-19. Temos que explicar que existe um culpado pela ampliação do medo de ser gay, de ser mulher, de ser indígena, de ser negro. Existe um culpado para tudo isso, e esse culpado é o Bolsonaro”, afirma a sindicalista.

A diretora do Sinpro-DF explica que somente com a identificação do culpado pelo caos é possível construir um novo caminho para o Brasil. “A gente não conta com um sistema de comunicação que tenha como real objetivo o interesse público. Esses grupos de comunicação têm total interesse na política neoliberal de Paulo Guedes. Com isso, as TVs e os jornais podem até ‘falar mal’ de Bolsonaro, mas não deixam claro para a população que ele é o responsável por tanto retrocesso. Somente com essa consciência, que deve ser geral, poderemos avançar na construção de um Brasil que volte a dar orgulho e alegria para a população”, diz ao justificar a campanha “A culpa é dele”.

O que piorou
Na realidade, o que muitos vêm se questionando é o que não piorou desde que Bolsonaro se tornou presidente do Brasil. Entretanto, é importante listar alguns dos pontos mais urgentes que assolam a vida de professoras/es, trabalhadoras/es da limpeza urbana, bancárias/os, vigilantes, entregadoras/es por aplicativo e toda a classe trabalhadora, inclusive aqueles/as que estão desempregados ou já desistiram de procurar emprego frente às dificuldades e recusas constantes.

Vida
Assim que a pandemia da covid-19 chegou ao Brasil e ao mundo, o principal desejo de todo brasileiro era o desenvolvimento de uma vacina que freasse o vírus e garantisse a vida. Em tempo recorde, o imunizante foi desenvolvido e a comemoração foi geral. Entretanto, o governo Bolsonaro se recusou a viabilizar que o Brasil fosse a vitrine da vacinação contra o vírus mortal. Segundo a CPI da Covid, o governo brasileiro recusou ao menos 11 ofertas formais de fornecimento de vacinas contra a doença. Só da Pfizer, foram recusadas pelo menos 70 milhões de vacinas. Na outra ponta, o Brasil soma mais de meio milhão de pessoas mortas de uma doença que tem vacina.

Gasolina
O preço do litro da gasolina está em quase R$ 6. Em 2014, antes do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o mesmo litro não passava de R$ 3. O aumento assustador não é mero acaso, mas sim resultado da política privatista de Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, que vêm vendendo as subsidiárias da Petrobras e reduzindo os investimentos nacionais. O atual governo ratificou a decisão tomada em 2016, com Michel Temer, quando o governo decidiu acompanhar a variação do preço internacional do barril de petróleo e a variação do câmbio nos preços praticados nas refinarias da petrolífera. O objetivo é agradar os acionistas privados da Petrobras.

Gás de cozinha
Em alguns estados do Brasil, o gás de cozinha chega a custar R$ 100, quase todo o valor do atual auxílio emergencial concedido pelo governo federal. Isso fez com que famílias voltassem a usar lenha para cozinhar, algo que parecia estar extinto do Brasil. A alta no preço do gás de cozinha é um dos frutos da política de privatização de Petrobras, principal responsável pelo fornecimento de combustíveis e derivados à população.

Alimento
O direito à alimentação saudável vem sendo negado à grande parte da população brasileira, que não tem dinheiro para comprar os alimentos. Saco de arroz a quase R$ 30, feijão que beira R$ 10, carne vermelha a um preço inacessível, independente da qualidade. Esse aumento é também reflexo do aumento no preço de combustíveis e derivados, que são resultado da política privatista da Petrobras. Isso porque a agricultura do Brasil é petrodependente: precisa de combustível para mover caminhões, para mover os tratores nas colheitas e plantações, para insumos agrícolas que vêm da petroquímica.

Luz
Muita gente vem vivendo no escuro porque não tem como pagar a conta de luz. Nos estados onde as distribuidoras de energia foram privatizadas, o aumento da taxa de energia elétrica é assustador. Em Rondônia, por exemplo, a distribuidora de energia foi leiloada em 2018 e a população foi submetida a um reajuste de 38,5% na conta de luz. No Distrito Federal, a CEB foi privatizada recentemente e o anúncio do aumento na taxa de energia elétrica já foi ventilado.

Habitação
O sonho da casa própria está completamente ameaçado pela privatização dos bancos públicos e pela extinção do Minha Casa, Minha Vida. Isso porque os bancos públicos financiam 70% das moradias, já que têm como princípio a função social. Tal função não é compartilhada pelos bancos privados, que têm como principal meta o aumento do lucro.

Educação
Com a chegada da pandemia, a única opção apresentada a professores/as, estudantes e à comunidade escolar de forma geral foi o ensino remoto. Isso porque, desde que Bolsonaro assumiu a presidência da República, o caixa da Educação vem minguando cada vez. Com o decreto nº 10.686, assinado no último dia 23 de abril, o Ministério da Educação teve quase R$ 5 bilhões a menos. Além disso, mesmo diante da pior crise sanitária do século, o presidente e sua equipe não moveram qualquer tipo de campanha ampla para promover a professores e estudantes políticas que viabilizassem internet gratuita, dispositivos móveis e formação para o ensino remoto. Ao contrário, Bolsonaro vetou integralmente projeto que buscava assegurar internet grátis a alunos e professores da rede pública de ensino. Com isso, o reflexo na qualidade do ensino atinge toda uma geração, com problemas que podem ser irremediáveis.

Meio ambiente
Os latifundiários, madeireiros, grileiros, grandes mineradores vêm passando a boiada no governo Bolsonaro. Desde o início de seu mandato, o presidente vem flexibilizando leis para que indígenas não tenham terras demarcadas, quilombolas percam seus territórios, mas sua base apoiadora posse acumular grandes terrenos públicos. Além disso, o presidente também vem implementando um plano de privatização que prevê a venda de parques nacionais, como o Parque Nacional de Brasília, conhecido como Água Mineral. Para se ter ideia do descaso de Bolsonaro com o meio ambiente, em 2019, a Amazônia teve 89.178 focos de fogo. Segundo dados oficiais, os incêndios na maior floresta tropical do mundo aumentaram 30% em 2020.

Violência
Um dos grandes ídolos do presidente Bolsonaro é o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, conhecido por colocar ratos nas vaginas das mulheres durante a ditadura militar no Brasil. Não por acaso, desde que Bolsonaro ocupou a presidência da República, violência, violações e as desigualdades estão aumentando no Brasil, como mostra a última edição do Barômetro de Alerta, realizado pela Coalizão Solidariedade Brasil, rede formada por entidades internacionais, com sede na França. Segundo o relatório, essa violência tem destino certo: povos indígenas e tradicionais, comunidades camponeses, mulheres, populações negras, pessoas LGBTQIA+, habitantes de periferias e outros grupos historicamente excluídos. O relatório mostra, por exemplo, que houve aumento de 6% no número de pessoas mortas pela polícia no primeiro semestre de 2020 no Brasil. Esse aumento atinge, sobretudo, pessoas negras e moradoras da periferia. Em 2019, segundo o Barômetro de Alerta, o número de feminicídios aumentou 7,1% em comparação ao ano anterior. O estudo ainda mostra que, em 2019, foi registrada uma morte violenta de pessoas LGBTQIA+ a cada 26 horas.

Fonte: SINPRO-DF

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