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Nas redes, deputados e partidos condenam chacina da polícia do Rio de Janeiro

Favela do Jacarezinho, na Zona Norte da capital fluminense, foi palco de pelo menos 29 mortes

Moradores do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, fecharam as ruas do bairro em um protesto contra a operação policial que deixou pelo menos 29 mortos nesta quinta-feira (6). Nas redes sociais, eles relataram invasão de casas, corpos no chão e aparelhos de celular tomados pelos agentes. Alguns vídeos circulam com invasões de agentes.

Parlamentares do estado se manifestaram nas redes, lembrando que desde junho do ano passado o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu operações em favelas durante a pandemia da covid-19. A medida foi uma resposta à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como a “ADPF das favelas” proposta por partidos e movimentos populares.

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O deputado federal Marcelo Freixo (Psol) classificou a operação e a política de segurança do estado como “uma insanidade”. Ele disse que o Estado deveria estar realizando operação de cidadania para proteger a população na pandemia, com renda, emprego, água limpa, “e não bala, terror e morte”.

“As políticas de segurança precisam de inteligência, investimento em qualificação e valorização das polícias, enfrentamento dos braços econômico e político do crime. As favelas não são o problema”, escreveu Freixo.

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O deputado estadual Waldeck Carneiro (PT) chamou a operação de “fracassada” e disse que ela ocorreu “ao arrepio da decisão do STF”: “Absurda operação no Jacarezinho, ao arrepio da decisão do STF, com mais de 20 mortos até agora e o número não para de crescer! Submeter inocentes a risco de morte é inaceitável! Não tem efetividade essa fracassada forma de combater o crime no RJ!”.

Irmã de Marielle Franco (Psol), vereadora do Psol executada em março de 2018, Anielle Franco disse que a chacina no Jacarezinho “é o retrato fiel das barbaridades que acontecem nas favelas do Rio”. Ela criticou a forma como o governo do estado do Rio realiza ações nas favelas. “Não garante direitos básicos para a população e só se faz presente assim: com mortes!”.

A deputada Mônica Francisco (Psol) também lembrou da ADPF e lamentou que “a favela está lavada de sangue, com mães desesperadas” em alusão às imagens que circularam de corpos. “Vidas faveladas importam”, comentou o parlamentar.

Investigação

Uma nota assinada no final da tarde pelo presidente estadual do PT-RJ, João Maurício, e pelo coordenador do setorial de Direitos Humanos do partido, Walmyr Junior, informa que o governo estadual promoveu “uma das maiores chacinas deste século”, lembrando que a operação policial está “desautoriza pelo STF”.

“Os helicópteros da polícia ainda rondam a comunidade, fazendo dos moradores da favela alvos de qualquer investida do caveirão voador. Estamos em meio a maior pandemia da história do Brasil e desde o início em março de 2020 são feitas denúncias das operações policiais nas favelas. Nada foi feito!”, diz trecho do comunicado.

O partido informou, ainda, que vai orientar sua bancada de parlamentares fluminenses a criar uma comissão especial para que o caso seja acompanhado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

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