Internacional

Japão já tem ministro contra a solidão

A falta de contato social no Japão durante a pandemia levou a um aumento no número de suicídios. Para lidar com essa situação, o Governo japonês, a exemplo do Reino Unido, nomeou um ministro da Solidão. Em 2020, o país asiático registrou 21.919 suicídios, dos quais 479 eram escolares e 6.976, mulheres. Foi o primeiro aumento em 11 anos.

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De acordo com a revista digital Nikkei Asia, a expectativa é que as medidas japonesas para ajudar as pessoas sozinhas sigam o caminho da estratégia do Reino Unido, que criou em janeiro de 2018 o primeiro departamento (no caso, um secretário de Estado) para lutar contra uma epidemia social que afeta cerca de nove milhões de britânicos.

Para Junko Okamoto, autora do livro Sekai ichi kodoku na Nihon no ojisan (O mais solitário do mundo: os homens japoneses de meia idade), um dos primeiros desafios para o novo ministério será compilar estatísticas sobre uma condição que poucos japoneses reconhecem como um problema. “Muitas pessoas estão sozinhas, mas se recusam a aceitar isso. É um estigma”, disse em entrevista por telefone. Esta especialista destaca que os japoneses “rejeitam a conotação negativa da solidão” e destaca que, para o japonês médio, a resistência às adversidades é um dever e a solidão é um desafio que se assume sem estardalhaço.

Em um relatório intitulado O Japão deveria ter um ministro para as pessoas sozinhas, o Instituto de Pesquisas Mizuho indicou que, em 2040, no total, 40% dos lares japoneses serão unipessoais.

Embora o trabalho remoto tenha resultado em um êxodo incipiente para o campo, em Tóquio há uma quantidade crescente de publicidade para a venda de novos apartamentos para pessoas sozinhas. Os solitários de todas as idades se tornaram uma categoria desejável de consumidores, e a literatura que enaltece a solidão é um rico filão que excede em muito as vendas de livros críticos como o de Okamoto.

Os supermercados vendem porções individuais de tudo, e muitos restaurantes usam o termo ohitori-sama (querido cliente sozinho; o mesmo termo se aplica às mulheres) para oferecer mesas com apenas um assento e boas vistas, mas localizadas fora do ângulo visual dos casais e dos grupos na hora do jantar.

Um dos programas de gastronomia mais antigos da TV chama-se Solitary Gourmet e consiste em um monólogo hedonista recitado por um vendedor de móveis que sempre encontra um bom restaurante em Tóquio onde comer sozinho.

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