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Júlio Miragaya: Marx, 200 anos

Nesse 5 de maio comemora-se o bicentenário de nascimento de um dos maiores gênios e mais influentes personagens da história, o alemão Karl Marx. Nascido em 1818 na outrora Prússia, Marx, em parceria com Engels, dissecou as entranhas do funcionamento do sistema capitalista e formulou as teorias da Mais-Valia e do Socialismo Científico.

A essência do pensamento Marxista sempre foi a inconformidade com a exploração do homem pelo homem, a apropriação privada da produção social – que não surgiu com o capitalismo – daí, sua afirmação de que “a história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes”.

A atualidade do marxismo se expressa na desigualdade social que vive nosso planeta, em escala jamais vista, mas há os que buscam desacreditá-lo. É o caso de Fernando Cardim de Carvalho, professor da UFRJ, no artigo “Meu encontro (e desencontro) com Marx”. Cardim afirma que teses marxistas como a da “queda tendencial da taxa de lucro” e a de “miséria crescente dos trabalhadores” não resistiram ao exame empírico. Como não?

No primeiro caso, Cardim, como professor de Economia, deveria reconhecer que a tese foi válida no estágio do capitalismo industrial, do século XIX até meados do século XX, em que o avanço tecnológico conduzia ao aumento da produtividade do trabalho e, consequentemente, a parcela de capital variável (salários) decrescia em relação ao capital constante. E que só foi “driblada” no atual estágio putrefato do capitalismo, marcado pela especulação e pilhagem financeira.

Em relação à miséria crescente dos trabalhadores – que só não é maior em função da própria organização da classe trabalhadora, que a levou a conquistas históricas – o bilhão de pessoas subnutridas no planeta a torna observável em termos absolutos, mas é crescente, sobretudo, em termos relativos, com o 1% mais rico acumulando riqueza superior a de 80% da humanidade. Cardim se desencontrou, não com Marx, mas com a história.

*Júlio Miragaya, conselheiro federal do Cofecon e presidente da autarquia em 2016/17. É militante do PT DF e coordena a equipe de diagnóstico do DF e o Brasil Que o Povo Quer

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