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A Ford alça voo do Brasil

Olívio Dutra (*) –

O desenvolvimento econômico e material com menor custo para si e maior aporte de subsídios e recursos públicos para expansão de seus negócios, norteiam o planejamento estratégico das empresas transnacionais, em especial as do setor automobilístico. A sua instalação, em um território ou país no globo, é uma decisão de mercado, avaliada por satélites e importa-se pouco com impactos sociais, econômicos, ambientais e culturais, tanto quando de sua aterrissagem como quando de sua decolagem.

Assim pretendia agir a Ford há 20 anos no Rio Grande do Sul. Encontrou resistência do Governo da Frente Popular, que se instalava, a essa lógica perversa. Orquestrou, com suas influências políticas e sua generosa conta publicitária, uma oposição insidiosa ao novo governo. Pretendia sequer prestar contas do dinheiro público já recebido. Não logrou o intento. Perdeu, inclusive, no Judiciário. O resto da história é sabido.

A Ford agora está alçando voo para outras paragens, fora do Brasil, depois de ter torcido por um novo governo federal que flexibilizasse as leis trabalhistas, previdenciárias, enfraquecesse os sindicatos, desregulamentasse normas de controle público, etc.

A estratégia é a mesma, os discursos de seus, às vezes, discretos outras nem sempre, declarados apoiadores, é que são diferentes segundo as conveniências das políticas dos governantes com os quais se alinham.

Mais um momento semelhante aquele da condenação da Ford a ressarcir o Estado do Rio Grande do Sul por quebra unilateral de contrato, para lembrar de pessoas importantes que mantiveram paciência, coesão e firmeza na sustentação da política da Frente Popular de respeito à coisa pública, ao dinheiro público e na afirmação e prática de um governo democrático, participativo e republicano sob o qual o RS se desenvolveu social e economicamente acima da média nacional do período: Miguel Rossetto, Zeca Moraes (in memoriam) e sua equipe, Paulo Torelli, Guaracy Cunha, Flávio Koutzii, Sérgio Kapron e outros(as).
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(*) Olívio Dutra foi governador do Rio Grande do Sul de 1999 a 2002.
Este artigo foi publicado originalmente no site Sul21.

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