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Nordeste aposta na ciência como arma

Por Míriam Leitão

Os estados do Nordeste formaram um Comitê Científico, que criou nove áreas temáticas integrando pesquisadores de todos os estados, e montou uma sala de situação. Assim, preparados para guerra, estão unificando as ações. O neurofisiologista Miguel Nicolelis, um dos maiores cientistas do mundo, está na frente do Comitê. Sistemas de monitoramento estão sendo montados e estudos sendo realizados. O Nordeste quer a ciência no primeiro plano no combate à pandemia.

– Na realidade, havia a hipótese de alguns pesquisadores americanos, que tinham essa esperança de que ele não prosperaria da mesma forma em clima quente. Isso não está tendo confirmação. O colapso de Manaus é muito assustador. No Nordeste, o número de mortes com síndromes respiratórias agudas graves é impressionante.

Nicolelis acha que o primeiro passo para vencer esta guerra é conhecer o inimigo:

– Para isso a ciência tem que ser colocada em primeiro plano. Tem que ser reconhecida como uma arma mais poderosa que a humanidade tem para sair da defensiva e armar o contra-ataque. Todas as vezes que os políticos bateram de frente com a biologia, a biologia ganhou de goleada. É preciso reconhecer o estado de guerra. Neste momento os países não estão pensando em ajuste fiscal. É preciso jogar tudo na saúde e na busca de respostas. Como é o inimigo? Como ele nos ataca? Quais são as melhores formas de proteger a população? Para fazer isso tem que ter mensagem clara, tem que ter um estado maior, um comando centralizado. Visão macroscópica. A ciência nos ajuda a pensar o multidimensional.

Ele contou que a revista “The Lancet” publicou um estudo na última semana que lhe tirou o sono com a informação de que o vírus sobrevive por 30 dias nas fezes das pessoas infectadas, depois que elas não têm mais o vírus nas vias respiratórias. Isso num país sem saneamento seria uma tragédia sem precedentes.

O Globo

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