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Bolsonaro é denunciado na ONU por ameaça de genocídio de indígenas isolados

Três entidades de defesa dos direitos humanos vão a Genebra relatar o desmonte das políticas de proteção ambiental. “Estes povos estão de fatos ameaçados de desaparecer do planeta”

Brasil foi denunciado no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo desmonte das políticas ambientais e sociais indigenistas e pelo risco elevado de genocídio contra os indígenas isolados. A queixa foi apresentada na terça-feira (03) durante audiência, em Genebra, pelo Instituto Socioambiental (ISA), a Conectas Direitos Humanos e a Comissão Arns.

O drama foi relatado também no testemunho do líder yanomami David Kopenawa, umas das etnias indígenas ameaçadas pelas políticas do governo de Jair Bolsonaro.

“Levamos um relatório a Genebra mostrando a situação dramática dos povos indígenas isolados que são de fato os que estão em risco de etnocídio e genocídio dado pelo discurso oficial que nós temos hoje no Brasil, que emana do Palácio do Planalto, praticamente autorizando a ocupação de terras indígenas e a presença da mineração predatória”, explica a jornalista Laura Grenhalgh, integrante da Comissão Arns, em entrevista na manhã de hoje (09) na Rádio Brasil Atual.

“Não basta dizer que é legal ou ilegal, o fato é que a mineração é predatória, assim como o extrativismo da madeira também é. Nós estamos assistindo essa situação dramática, a contaminação por mercúrio das comunidades indígenas”, acrescenta.

Na denúncia apresentada à comissão da ONU, as entidades também lembraram da nomeação do pastor Ricardo Lopes Dias, que assumiu a área da Fundação Nacional do Índio (Funai) responsável pelos indígenas isolados, com o intuito de evangelizar para o cristianismo. O relatório ainda apontou para um aumento de 113% no Brasil, em 2019, na derrubada da floresta. Nos territórios indígenas demarcados, o desmatamento geral foi de 80%.

De acordo com a integrante da Comissão Arns, o governo Bolsonaro fere a existência de todos os povos indígenas, principalmente os que estão isolados que, com a presença dos invasores, correm o risco de serem contaminados por doenças ou ainda pela violência que pode exterminá-los.

“Nesse vale-tudo que está se transformando a Amazônia brasileira, o que acontece é que os povos estão de fato ameaçados de desaparecer do planeta, ou seja, nós vamos perder nas crises humanas e isso não é um problema só do Brasil, é um problema do planeta. O que nós queremos é de fato que o país reconheça e entenda que esses povos e a autodeterminação deles estão protegidas pela nossa Constituição”, destaca Laura.

Ainda segundo a Comissão Arns, a denúncia embasa a atuação das entidades no Tribunal Penal Internacional, onde Bolsonaro já foi denunciado em novembro do ano passado por também incitar o genocídio e promover ataques sistemáticos contra os povos indígenas do Brasil.

Por Rede Brasil Atual

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