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Seminário alerta sobre modelos de Previdência que não deram certo, mas que Bolsonaro quer seguir

Nos últimos três anos, o Chile tem sido palco de intensas mobilizações populares que levam multidões às ruas para reverter o sistema previdenciário do país. Privatizado na década de 1980, o modelo chileno de previdência foi a primeira experiência no mundo baseada em contas individuais e contribuição obrigatória, o cahamado modelo de capitalização. Hoje, 40 anos depois, 90% dos aposentados do país recebem cerca de meio salário mínimo. O resultado foi o aumento do nível de empobrecimento da população e dos casos de suicídio de idosos.

O tema foi discutido na tarde dessa quarta-feira (20), em seminário realizado pela Frente Parlamentar Mista em Defesa da Reforma da Previdência, relançada na manhã do mesmo dia.

Segundo o cientista político da Fundación Sol e especialista previdenciário no Chile, Recaredo Galvez, um dos palestrantes do seminário, dos 30 países que optaram pelo modelo capitalizado de Previdência, 18 fizeram reformas para reverter ao modelo público, com participação não só do trabalhador, mas do Estado e do empregador.

“Atualmente, o Chile está pensando num sistema previdenciário semelhante ao brasileiro, enquanto o Brasil está querendo regredir ao modelo chileno”, lamenta o debatedor ao lembrar que a reforma da Previdência de Bolsonaro quer implementar o modelo de capitalização, que tira o governo e o empregador da contribuição à Previdência.

Exemplo argentino

A reforma da Previdência realizada na Argentina, feita aos moldes chilenos, foi construída em cima de mentiras – como vem sendo feito no Brasil – e também mostra resultados negativos. A afirmação é de Julio Durval Fuentes, da Confederação Latino-Americana de Trabalhadores Estatais (CLADE), outro palestrante do seminário realizado pela Frente Parlamentar Mista em Defesa da Reforma da Previdência.

Segundo ele, no dia em que a reforma da Previdência foi aprovada na Argentina, em 2017, o presidente Maurício Macri divulgou um comunicado garantindo que os aposentados nunca mais seriam prejudicados financeiramente diante dos saltos inflacionários, e que as pensões e o poder de compra seriam melhores a cada ano.

Meses após a aprovação da medida, a Argentina teve a inflação mais alta dos últimos 27 anos: 47,6% (a projeção anual era de 15,7%). Ao contrário da promessa do presidente argentino, os aposentados e pensionistas foram os mais atingidos. Eles não ficaram com os 4 a 6 pontos acima da inflação prometidos pelo governo, mas despencaram para 20 pontos.

“Não tenho dúvida de que nessas propostas, muitos perdem e poucos ganham. Quem ganha é o sistema financeiro que fica com o dinheiro, sobretudo com o ganho dos trabalhadores mais jovens”, garante Fuentes.

Fonte: CUT Brasília

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