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Com desculpa de impedir laranjas, senador quer fim da cota de mulheres

Proposta de Angelo Coronel (PSD) propõe acabar com a cota feminina. Para a deputada Maria do Rosário, o PL tem como objetivo impedir mulheres na política

Os escândalos envolvendo candidaturas laranjas no partido de Bolsonaro (PSL) e outras legendas nas Eleições de 2018 levou o senador Angelo Coronel (PSD-BA), ao invés de propor algo que acabe com esse esquema de corrupção, a apresentar um projeto que pretende acabar com a cota feminina de 30% das candidaturas registradas, segundo a Folha de S. Paulo.

Para a deputada federal Maria do Rosário, “nem bem iniciamos um processo no qual há recursos específicos pra enfrentar o déficit de representação feminina nos parlamentos e já existem aqueles que agiram duplamente contra as mulheres, aqueles que utilizaram as candidaturas de mulheres como laranjas e agora agem para acabar com os recursos específicos das campanhas femininas que são uma obrigação partidária”.

Desde 2009, os partidos precisam ter 30% das candidaturas registradas de mulheres. O Projeto de Lei 1.256/2019, do senador Angelo Coronel propõe revogar essa cota. A justificativa de Coronel é de que ele “parte do princípio de que as mulheres querem ter igualdade com os homens. Se querem igualdade, não precisa ter cota”, ignorando o fato de que as cotas, na verdade, buscam corrigir um sistema marcado pela desigualdade.

Rosário explica também que apesar dessa legislatura ter como marco um número maior de mulheres – é a maior bancada da Câmara dos Deputados desde a redemocratização – não significa especificamente “um avanço nas causas que temos como mulheres, na agenda feminista, porque os partidos conservadores se valeram da luta que a esquerda historicamente empreendeu por uma presença mais equânime e justa entre mulheres e homens nos parlamentos”.

Ela critica também o fato de que “os mesmos que fizeram toda a ilegalidade de não usar os recursos devidos para as campanhas das mulheres porque se apropriaram desse recurso como líderes ou comandantes ou mandachuvas dos partidos extremamente masculinizados e machistas, agora querem voltar a dirigir esses recursos sem fiscalização, diretamente gerido por eles, justamente para impedir candidaturas de mulheres”.

A deputada lembrou ainda que o PT é exemplo de cumprimento da legislação e incentiva intensamente a participação das mulheres na política brasileira. “O PT tem uma marca própria, utilizou os recursos devidamente, é presidido por uma mulher, tem a maior bancada de mulheres como partido da câmara dos deputados, somos 10 mulheres, é a maior que já tivemos ao longo de todas as legislaturas. E nós vamos defender, não apenas por nós, mas pela democracia, que esse recurso não seja destruído pelo machismo e pela sede de dinheiro, pela ganância de recursos eleitorais que os partidos tradicionais têm. Vamos resistir!”, finalizou Maria do Rosário.

Da Redação da Secretaria Nacional de Mulheres do PT com informações da Folha de S. Paulo

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