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Comunidade escolar de Ceilândia rejeita militarização

Com o grito “força, ação, não à intervenção!”, a maioria dos pais, mães, estudantes e educadores rechaçaram a militarização do Centro Educacional (CED) 07 de Ceilândia, proposta pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). A decisão foi tomada em assembleia nessa terça-feira (5).

Após intervenções de contrários e favoráveis, a heterogeneidade das opiniões dos presentes gerou um clima de tensão na assembleia. Durante o encontro, uma comissão de militares apresentou o modelo e propôs uma votação aberta para avaliar a iniciativa. Mesmo com a maioria dos presentes se posicionando contrários à militarização, uma nova assembleia foi convocada para esta quinta-feira (7/2). Foi ainda deliberada a realização de um plebiscito que deverá ser convocado em breve pela direção escolar.

“Estão desrespeitando nossa vontade. Somos nós que vamos estudar aqui nesta escola, e estão ignorando nossa opinião. Para nós, o ensino aqui no CED 07 já é bom e pode sim melhorar, mas por outros meios. Já contamos com o apoio do Batalhão Escolar, o que precisamos agora é de qualidade de ensino, projetos pedagógicos, respeito à diversidade de opiniões, incentivo à permanência e de uma escola inclusiva, que nos prepare para o mercado de trabalho”, afirma a estudante Milena Nunes, 16 anos.

A militarização das escolas não se pauta apenas na questão disciplinar. Entre os vários problemas causados por essa proposta, está o custo que isso trará aos pais dos alunos. “Acredito que esse modelo não dará certo e não atenderá todos os alunos da rede pública. Minha mãe era a favor, mas depois ela começou a entender que essa medida vai gerar mais custos. Na minha casa, por exemplo, o meu pai é o responsável pela nossa renda. Não teríamos condições de pagar R$ 700 de uniforme e tantas outras taxas”, ressalta Milena Nunes.

A professora do CED 07, Daniele Santos, critica a maneira arbitrária que a medida está sendo implementada. “Nós não fomos consultados em nenhum momento. Somos contrários à militarização porque não queremos que tomem de assalto o nosso espaço. Estudantes estão com medo da forma como se dará esse processo. Exigimos respeito a todos os envolvidos e, principalmente, clareza nas decisões. Os alunos e professores se uniram de uma forma única e linda e mostraram que têm voz ativa. Seguiremos unidos até o último minuto” , afirma.

Dirigente do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), Eliceuda Silva França compartilhou um pouco de sua história e explicou porque a militarização não é a solução para a educação. “Estudei em uma escola em que pude sonhar e me formei professora porque também queria ajudar estudantes a realizarem seus sonhos. Lutamos para reformar o CED 07 e agora que está bonito e bem estruturado somos nós que temos que assumir, não a polícia. Esta medida é desumana e excludente. Precisamos que o governo invista recursos, abra concursos públicos e atenda todas as unidades escolares igualitariamente”, concluiu.

O também dirigente do Sinpro-DF, Júlio Barros, relembrou que o projeto é inconstitucional porque desrespeita a Lei 4.751/2012, que determina a Gestão Democrática do Sistema Público de Ensino do DF. Segundo ele, o projeto ainda é um ataque proposital ao Artigo 205 da Constituição Federal de 1988 e à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), que estabelecem a função social essencial da escola.

“Apesar de todos os desafios, Brasília está em 4° lugar no ranking nacional do país, ou seja, damos conta do recado. Precisamos apenas do investimento necessário. Não somos contra os policiais, só não queremos que façam o nosso trabalho. O lugar dos PM’s é na rua, nos Batalhões Escolares, combatendo a insegurança e violência que estão na sociedade. O governador quer nos desmoralizar, ressaltando somente os problemas da educação, mas temos que lembrar que o GDF que tenta maquiar o sistema militarizando as escolas. Essa não é a escola que queremos. Defendemos uma escola pública, gratuita e de qualidade para todos”, explica Júlio Barros.

Fonte: Sinpro-DF, com edição da CUT Brasília

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