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Receita Federal vai investigar Flávio Bolsonaro e citados pelo Coaf

Órgão vai apurar informações financeiras e justificativas de parlamentares e 75 assessores, incluindo o filho de Jair Bolsonaro e o ex-assessor Fabrício Queiroz

O ditado popular é claro: “ninguém escapa da morte e dos impostos”. Por isso a Receita Federal vai investigar Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), seu ex-assessor Fabrício Queiroz e outros parlamentares e funcionários da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A partir desta semana, o Fisco vai cruzar as informações levantadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) com as declarações de Impostos de Renda dos envolvidos na Operação Furna da Onça, que investiga um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos.

Segundo publicação do Estadão, a apuração da Receita envolve 27 deputados estaduais, entre eles o filho de Jair Bolsonaro (PSL), e 75 servidores Alerj. Do total, 28 funcionários e ex-funcionários do Legislativo fluminense tiveram movimentações financeiras no mesmo padrão suspeito do de Queiroz, com recebimento de outros servidores da Assembleia, saques e depósitos em espécie em dias próximos ao pagamento dos salários.

Flávio Bolsonaro recebeu em sua conta depósitos fracionados no valor de R$ 2 mil cada, em um total de R$ 96 mil, conforme apontou o relatório da Coaf. O documento identificou ainda o pagamento de um título da Caixa de R$ 1 milhão. Os dois casos, segundo o filho de Jair Bolsonaro, estariam relacionados à compra de imóveis. O parlamentar disse que recebeu os valores em dinheiro. A Receita, por sua vez, tem como investigar se a explicação é coerente, cruzando os dados de Flávio e do vendedor.

Transação relâmpago de imóveis de R$ 813 mil
Se como deputado estadual, Flávio Bolsonaro tem uma atuação no mínimo duvidosa – ao propor na Alerj homenagens a dois milicianos envolvidos na Operação “Os Intocáveis” – sua atividade como “corretor de imóveis” é um sucesso. O filho de Jair realizou entre 2012 e 2014 operações de compra e venda de imóveis com características de lavagem de dinheiro, segundo a Folha de S. Paulo. As duas transações renderam um lucro a Flávio equivalente a 260% no período.

Flávio adquiriu, em novembro de 2012, dois imóveis em Copacabana, localizados em ruas pouco valorizadas no Rio de Janeiro. O filho de Jair pagou um total de R$ 310 mil pelas duas unidades e as revendeu, um ano e três meses depois, por mais que o triplo do preço. Os dois imóveis haviam sido comprados, em 2011, pelos antigos proprietários por um total de R$ 440 mil. Segundo a Folha de S.Paulo, em pleno “boom imobiliário no Rio”, os donos anteriores tiveram um prejuízo de 30% ao negociarem com o Flávio, de acordo com dados do 5º Registro Geral de Imóveis.

O deputado estadual revendeu somente um dos imóveis em novembro de 2013 por R$ 573 mil. O outro foi revendido em fevereiro de 2014 por R$ 550 mil. Somadas, as duas transações lhe renderam um licro de R$ 813 mil – diferença entre os R$ 310 mil investidos por Flávio nas compras e o R$ 1,12 milhão que recebeu com as vendas.

Segundo a resolução do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci), a dinâmica das operações é considerada suspeita. O conselho determina que seja comunicado ao Coaf negociações com “aparente aumento ou diminuição injustificada do valor de imóvel”. Quedas repentinas de valor de imóveis são alvo de suspeitas dos órgãos de fiscalização, uma vez que, podem encobrir um possível pagamento não declarado, fora dos registros oficiais, o que configura lavagem de dinheiro.

Entre 2002 e 2018, o patrimônio declaro à Justiça Eleitoral por Flávio Bolsonaro, passou de um veículo Gol 1.0 de R$ 25,5 mil para quase R$ 1,75 milhão em bens. O filho de Jair justifica que o aumento do patrimônio se deu por ser empresário, mas até esta quarta-feira (23) ele não detalhou quais são suas atividades no ramo.

O único negócio registrado é uma filial da loja de chocolates Kopenhagen, aberta somente em 2015. As transações dos imóveis se deram antes da abertura do comércio. A não ser que seja uma verdadeira Fantástica Fábrica de Chocolates, o R$ 1,75 milhão só poderia estar ligado à compra e venda de imóveis.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Estadão e da Folha de S.Paulo.

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