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Chico Vigilante homenageia Sigmaringa Seixas pela defesa de direitos durante a ditadura

Advogado e deputado morto em 2018 foi agraciado com a ordem do mérito legislativo, da Câmara do Distrito Federal

Os músicos garantiram que foi coincidência, mas não pareceu. Assim que a filha de Sigmaringa Seixas, Luiza, subiu as escadas do auditório da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), na manhã desta quinta-feira (9), representando o pai, a banda – que vinha tocando várias músicas de artistas da MPB – começou a executar Novo Tempo, de Ivan Lins e Vitor Martins. Foram muitas palmas, choro e houve até um advogado que assobiou e gritou “esse é o cara”, monopolizando as atenções de outros 50 agraciados, entre os quais o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha.

A música e a homenagem fizeram os presentes lembrarem das lutas dos advogados que, nos tempos sombrios da ditadura, corriam o tempo inteiro para conseguir habeas corpus que pudessem liberar presos políticos. E Sigmaringa foi um dos seus mais fiéis representantes. Morto em 2018, foi advogado e ex-deputado federal por três mandatos, fez parte da Assembleia Nacional Constituinte e teve uma atuação de destaque no enfrentamento à ditadura civil-militar na capital federal. Auxiliou políticos, sindicalistas e estudantes perseguidos pelo regime.

Foi ainda conselheiro da seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (1976-1984) e consultor da Anistia Internacional, além de membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz e vice-presidente do Comitê Brasileiro em Brasília.

Moderado

Além de bom negociador, Sigmaringa Seixas sempre foi conhecido como uma pessoa moderada e conciliadora. “Ele foi uma pessoa fundamental na minha vida. Com sensibilidade e humanismo atuou em minha defesa por duas vezes, quando fui preso pelo simples motivo de lutar pelos direitos dos trabalhadores, e conseguiu que eu fosse libertado”, destacou, em tom emocionado, o deputado distrital Chico Vigilante (PT), que indicou Seixas para receber a medalha.

A filha, Luiza, que participou do ato ao lado da mãe, Marina, destacou que estava honrada por perceber que “a memória dele persiste, assim como tudo o que fez pelo Brasil e pelo Distrito Federal”.

Ao todo, foram condecoradas 50 personalidades com a chamada “Ordem do Mérito Legislativo” da CLDF, indicadas pelos parlamentares da Casa. Alguns foram chamados para receber a medalha ao som de Corcovado, de Tom Jobim, ou Carinhoso, de Pixinguinha. Mas nenhum momento marcou tanto a solenidade como as palavras cantadas baixinho pelos convidados para a solenidade. “Pra que nossa esperança, seja mais que a lembrança. Seja sempre um caminho, que se deixa de herança”.

Fonte: RBA

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