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É sempre hora de falarmos sobre política

Por Cláudia Farinha*

Precisamos falar sobre política todos os dias. Política não se debate apenas na época das eleições!

A necessidade de estarmos permanentemente falando de política inclui, também, fazer autocrítica, avaliar nossas ações, nossos erros e acertos e traçar estratégias.

A eleição passou e há necessidade de fazermos uma reflexão urgente!

Precisamos falar de renovação, de formação de base, falar das bolhas (de como rompê-las), precisamos nos conectar com o povo, pisar no chão de barro. Existe uma parcela da sociedade que, na maioria das vezes, não tem noção de como funcionam as instituições – partidos, sindicatos, movimentos sociais… Não sabe o valor e o papel dessas instituições.

São pessoas que agem de maneira independente, que não estão “organizadas”, nem vinculados a nenhum tipo de organização, mas que, de certa forma, vivem em um modelo de organicidade. A maioria delas são pessoas que resistem bravamente, a seu modo, na raça, para enfrentar e vencer as adversidades.

Lidam com a dureza do dia a dia, passam por dificuldades de várias ordens, enfrentam o desemprego e o preconceito. Vivem em moradias sem as devidas condições de infraestrutura, sem saneamento ambiental, asfalto, iluminação, segurança pública e acesso à educação de qualidade. Lutam bravamente para sobreviver todos os dias.

Muitas dessas pessoas são mães que acabam se tornando impotentes diante de tantas injustiças, mães que choram a perda de seus filhos que a sociedade excluiu, alienou, privou do básico e tratou com ódio. E que, muitas vezes, ainda espetaculariza a morte desses jovens.

Precisamos sentir a dor dessa gente excluída pela elite política, tratada como massa de manobra, que não tem consciência do que está por trás de um golpe, que não tem sequer noção de que está sendo vítima de um golpe, que não percebe que a eleição ocorreu dentro de um golpe.

São pessoas alijadas de formação para a consciência de classe. Cabe a nós da esquerda levar esse conhecimento, de forma simples, objetiva, sem palavras rebuscadas, sem meias palavras. Cabe a nós fazer com que a população do bairro compreenda os riscos, compreenda a necessidade de fazermos a resistência para não haver mais perdas de direitos.

No dia 28 de outubro, mais um capítulo do golpe foi executado com a eleição de Jair Messias Bolsonaro à presidência do Brasil. Bolsonaro é ligado às chamadas bancadas da bala, do boi e da bíblia, grupos de parlamentares que defendes os interesses do agronegócio, das empresas de armas e munição e das igrejas.

O presidente eleito defende a tortura e a ditadura militar, não respeita a democracia. Foram inúmeras declarações ao longo de sua vida pública que desdenham a luta contra as opressões. Por isso é necessário que o povo compreenda, mais do que nunca, a necessidade de se fazer a luta para revogar todas as medidas do governo Temer – a PEC do fim do mundo (EC 95) que congela o teto dos gastos; a política de preços da gasolina e do gás de cozinha; o desmonte da Petrobras; e a entrega do pré-sal.

É urgente a necessidade de se fazer a luta contra a desigualdade social, as retiradas de direitos e os ataques à democracia. E para fazer essa luta é necessário o envolvimento do povo das periferias, dos bairros, das comunidades, das igrejas, do chão de fábrica. Ou seja, é necessário o envolvimento das bases. A luta deve ser feita pela resistência popular.

Cláudia Farinha é agricultora familiar, graduada em Direito, militante do Partido dos Trabalhadores e ativista feminista.

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