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Não confunda a reação do oprimido com a violência do opressor

Diferentemente das “Jornadas de Junho e Julho de 2013”, a juventude brasileira que ocupa ás ruas e defende seu local de ensino, eles vive num país polarizado, um país onde ficou claro que de um lado está aqueles que defende um estado forte, soberano e virado para aqueles mais precisam de seus serviços e, que do outro lado, tem um setor que defende um país submisso internacionalmente, que retira e esmaga os serviços públicos e é virado totalmente para os interesses do setor monopolista e rentista.

Diferentemente de 2013 onde ao invés de lutar por ampliação de direitos e do estado como eles tantos registravam em palavras de ordem e em cartazes, hoje a luta deles é Por Democracia e Contra o Estado Mínimo, ou seja, pelo o que eles já tinham.

Tão longe e tão perto, aqueles que não conhecem o horror da ditadura militar e nem a monstruosidade do Neoliberalismo na década de 1990, ou seja, não viram as grandes lutas da juventude e da classe trabalhadora e nem a importância do PT e da esquerda como um todo para a redemocratização do país, para as conquistas dos direitos dos trabalhadores e de todo o tipo de explorado e oprimido, hoje conseguem tocar no que foi o passado, já que Temer trás tudo de volta o que era antes dos governos petistas.

Esses jovens que só viram o PT no governo e nunca na oposição, também, candidamente começam entender a importância desse partido e paradoxalmente, começam a fazer o que os jovens que construiu o PT também já fizeram. Nada mais corriqueiro escutar no meio deles de que: O PT pelo menos assegurou os diretos mais elementares do povo, comer, beber, ter uma casa, ter luz, poder estudar, gerou emprego e renda e etc…

No igual, é perceptível a volta de sua inquietude questionadora, mesmo ainda de forma embrionária se manifesta numa rejeição incipiente às formas dominantes de viver. Como vanguarda minoritária, isoladamente, se insurgem contra a polícia, o extermínio de jovens, a criminalização da maconha, o machismo, o poder coronelista, a homofobia. Entendem como ninguém o que significa a PEC 241 e 55 (na Câmara 241 e no Senado 55), além de se levantarem todo dia contra um estado midiático-jurídico-polícialesco, um estado de exceção parido pelo grupo que construiu e pariu o golpe através de um impeachment sem crime, por isso a pauta Fora Temer os uni.

Um espectro mais claro:

Vale lembrar aqui as experiências obtidas no Paraná, antes da execução completa do golpe em Dilma, o governador Beto Richa e sua polícia promoveram verdadeiros massacres aos professores. Os alunos por sua vez, ao verem suas referências apanhando, tomando tiro e bombas, se levaram e partiram em solidariedade. Não devemos avaliar isso tão somente como um ato espontâneo e necessário para aquele momento, temos que somar o valor da generosidade, esse valor humano que é o mais belo e nobre, criou através do sentimento humano uma força política poderosa que só a sociologia não pode explicar. Algo similar ao que aconteceu em São Paulo contra o fechamento de escolas, essa luta por sua vez, derrotou o governo e a polícia do governador Geraldo Alckmin.

Após as centenas de ocupações em escolas (ação que pegou toda a esquerda de surpresa), uma esquerda cansada por mais de um ano e meio de marcha na luta pela democracia e que sua força estava perto da exaustão, o cenário político começou a virar, da exaustão veio a energia renovada.

Hoje as pessoas de bem, os movimentos sociais e populares e as organizações de trabalhadores se jogam de forma generosa num enorme trabalho político (tão somente de auxílio) para que essa juventude consiga dar sentido a essa rebeldia que nasceu volátil, mas nos últimos tempos, conectou esta parcela da juventude na luta por uma política mais global.

Embora não possamos antever a configuração do movimento que a rebeldia latente da juventude eclodiu, podemos apostar que será um movimento de caráter juvenil e popular, autônomo em relação às instituições e corporações e com fortes traços culturais.

Um novo ciclo se avizinha:

Mais do que estarmos preparados, devemos entender que eles vão bater por si só, eles vão fazer suas opções após uma gama de lutas e experiências. Nós (militantes políticos) não devemos e, nem vamos, interferir ou tentar empurrar qualquer espécie de coisa para cima deles, eles faram suas opções programáticas um pouco mais na frente.

É um novo ciclo da esquerda que começa a se avizinhar, mas que se desenhará daqui alguns anos. Parece muito esquemático o que digo aqui, mas não é. Lembrem como foi o ciclo da esquerda brasileira, começado com PCB e Prestes, o da uta contra a ditadura e depois o de Lula que ainda segue em seu curso, nesse sentido, lembremos também que Lula possui 71 anos e, daqui alguns anos, não terá tanta energia para fazer política, já o PT que não tem o prazo da vida de um ser humano, terá que se manter jovem para esse próximo tempo que uma hora virá.

Por fim, não temos que rotular essa juventude eles são o resultado daquilo tudo colocado anteriormente. Se são anarquista, socialista ou qualquer “ista”, como diz o meu pai que é professor, isso pouco importa, pois essa juventude é tão revolucionária como qualquer um que é capaz de colocar a sua dor para fora. Eles são jovens que sabem se defender e sobre a palco de guerra imposto pela polícia em Brasília e o rótulo da mídia monopolistas de que eles são vândalos, fico com a pichação que aqueles jovens deixaram aqui em Brasília no dizer:

NÃO CONFUNDA A REAÇÃO DO OPRIMIDO COM A VIOLÊNCIA DO OPRESSOR!

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