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Mulheres negras marcham pelo Brasil contra perda de direitos

Evento comemora Dia da Mulher Latino Americana e Caribenha; marcha no Rio conta com apoio e participação da deputada federal Benedita da Silva

Nesta terça-feira (25) é comemorado o Dia da Mulher Latino Americana e Caribenha, data que foi incluída no calendário comemorativo brasileiro em abril de 2014, mas já existe no Rio de Janeiro desde 2007.

“A Marcha das Mulheres Negras quer lutar pelo Estado Democrático de Direito, a democracia brasileira está em jogo e nós estamos lutando por ela”, avaliou a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ).

Segundo Benedita, “essa data é importantíssima porque faz parte de um movimento, a articulação de uma grande rede latino-americana e caribenha de mulheres unidas, que têm dado condição de formular internacionalmente as políticas de gênero para a mulher negra”.

Em São Paulo, o ato Mulheres negras e indígenas nas ruas acontece nesta terça, a partir das 17 h na Praça Roosevelt. Também haverá manifestações em Brasília a partir das 8 h; em Belém, a partir das 17 h na Estação das Docas; em Salvador, às 9h no Iguatemi, além de eventos em João Pessoa Aracaju.

No Rio, para celebrar a data e repudiar os retrocessos do governo golpista que afetam essa parcela da população, a III Marcha das Mulheres Negras no Centro do Mundoacontece no domingo, dia 30 de julho. A mobilização começa às 10 h no posto 4, em Copacabana.

A marcha também irá defender os direitos das mulheres negras à educação de qualidade, saúde com serviços adequados e com dignidade, convívio em comunidade em segurança, pleno acesso a ao mercado de trabalho, apoio ao empreendedorismo e às habilidades das mulheres negras, entre outros direitos essenciais a elas devidos.

“Nossa marcha diz nenhum direito a menos”, diz Benedita. “Cada uma que sobe, carrega outra. No entanto, convivemos no Brasil com um fato real.  Há retrocesso, vendo o que Temer tem feito.  Nas conquistas de mulheres negras, ainda que não totais, havíamos avançado no sentido de inclusão. Nós estaremos nas ruas para dizer nenhum direito a menos. Queremos nossos direitos de volta e não aceitamos perder direitos conquistados a duras penas”.

“Nós nos sentimos realmente representadas nos governos de Lula e Dilma. Foi Lula quem criou o ministério que tratava das políticas para negros, e destacamos entre as políticas para mulheres aquelas para mulheres negras. Essa marcha chega em um momento importante da política brasileira em que temos perda de diretos”, afirmou Benedita.”

UNEGRO – Salve as mulheres negras em luta no Brasil, no continente africano e em toda a diáspora!

A União de Negras e Negros pela Igualdade, UNEGRO, é uma entidade da luta contra o racismo, as desigualdades de gênero e a exploração de classe, fundada há 29 anos em Salvador e hoje presente em 24 estados do país.

Compreendemos que a nação brasileira foi forjada sobre quase 400 anos de escravismo colonial e sob o patriarcado que deixaram perversas consequências na vida da população negra em especial das mulheres negras.

Continuamos com os menores salários, amplamente presentes em subempregos e excluídas das atividades intelectualizadas, estamos morrendo mais e desfrutando da solidão afetiva que algumas nem ousam discutir e as que ousam são duramente atacadas, e, ainda, somos sexualmente descartáveis e fetichizadas. Na mídia, continuamos estereotipadas. Na saúde, somos também excluídas das discussões que resultam em políticas públicas que não nos incluem. Mulheres negras convivem mais intensamente com a violência doméstica e com o desemprego. Com a desvalorização e baixos salários. Com o assédio e invisibilidade nos espaços acadêmicos.

O Mapa da Violência de 2015 da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) aponta que 66,7% de mulheres negras são assassinadas a mais do que brancas. O feminicídio das negras aumentou em torno de 54% enquanto o das brancas diminuiu 9,8%. Dados como estes corroboram com outros dados alarmantes como o alto índice de mortalidade da juventude negra no país, cujo risco de morrer assassinado é 2,5 vezes maior que de jovem branco, compreendendo cerca de 71% dos jovens assassinados no país e até hoje não diminuiu pois ainda estamos morrendo, por isso gritamos: Parem de nos matar!!!

No contexto do golpe orquestrado por uma elite branca, racista e misógina são os direitos das mulheres negras os primeiros a serem atacados e desrespeitados. Todas as políticas sociais conquistadas pelas mulheres negras na última década estão sendo destroçadas! As medidas do desgoverno Temer visam afundar o país e devolver o povo à situação de extrema pobreza e desespero. Por isso continuamos nas ruas contra as reformas do governo Temer e pela reconquista da democracia, pordiretas já!

Por isso neste dia 25 de julho, Dia da Mulher AfroLatino Americana e Caribenha, fazemos referência à nossa ancestralidade e a todas as mulheres africanas e da Diáspora e seguimos em Marcha por todo o Brasil pelo fim do feminicidio, do racismo, pelo Fora Temer e pela reconquista da democracia: #DiretasJá !!

Da Redação da Agência PT de notícias

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