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Petistas do DF avaliam que resultado do 2º turno inspira autoavaliação

Foto: Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados

Millena Lopes
millena.lopes@jornaldebrasilia.com.br

O resultado de uma eleição que impressionou pelo alto número de abstenção e votos brancos e nulos traz reflexão ao PT, que não conseguiu eleger nem sequer um prefeito no segundo turno deste ano. Embora o partido pregue que a única função da legenda não seja disputar eleições, é hora de avaliar os resultados e traçar estratégias, se ainda quiser se manter vivo no cenário político.

Para o presidente do PT-DF, Roberto Policarpo, o momento é de calma. E de se apurar que a abstenção e os votos brancos e nulos são mesmo de protesto. “Muita gente acredita que era um eleitorado que tinha grande simpatia pelo PT e se distanciou. Isso precisa ser certificado, para trabalharmos com esses elementos”, observa, para destacar que o resultado das urnas reflete o momento político atual, de crise econômica e política. “Acabamos de sofrer um golpe de Estado, a economia está muito mal e as pessoas têm uma desesperança muito forte”, justifica.

A reestruturação do partido, na opinião de Policarpo, passa por muitos debates e conversas, aproveitando o momento de reaproximação dos movimentos sociais, da juventude, dos intelectuais, das universidades e de juristas. Palavras do ex-deputado federal. “A esquerda está se reagrupando. É preciso dar um tempo, ter calma, fazer avaliações”, considera.

Ideológico, Policarpo argumenta que disputar eleições não pode ser o único objetivo do partido. “As eleições são importantes, faz com que a gente ocupe espaços de poder, mas não é um fim em si mesmo”, argumenta, lembrando que a sigla deve aproveitar o poder de penetração nas camadas populares. “O PT, do ponto de vista dessa permeabilização que tem na sociedade, ainda tem muita vida”, arremata, ao frisar que engana-se quem pensa que o partido está morrendo.

Em Brasília, única saída é a união

Secretário-geral do PT-DF, o deputado distrital Ricardo Vale diz que as urnas mostram que o PT precisa “urgentemente” fazer uma autocrítica, para avaliar os erros que foram cometidos ao longo dos anos. “É preciso rever as escolhas das direções, o programa etc. O partido precisa fazer uma reavaliação completa, sob pena de encolher ainda mais em 2018”, sentencia.
Ele lembra que, a cada eleição, o partido vem ficando menor e mais frágil. “Se não tiver cuidado, o PT pode deixar de ser referência para os movimentos sociais e para os trabalhadores. O partido precisa se reconstruir e renovar. E precisa fazer isso rápido”, observa.

No Distrito Federal, o desgaste do partido é grande – o ex-governador Agnelo Queiroz não chegou nem sequer ao segundo turno, quando tentou a reeleição em 2014. A despeito de uma bancada de três deputados na Câmara Legislativa, a legenda tem mostrado fragilidade, com disputas internas e desentendimentos da própria bancada entre si.

Composição

Ricardo Vale defende que a única saída para uma sobrevida da sigla na capital federal é compor com outros partidos de esquerda. “O partido precisa ter a humildade para reconhecer que também errou, ao isolar determinados partidos de esquerda, quando foi governo”, observa.

Para enfrentar os partidos de direita, que se organizam há algum tempo para a disputa de 2018, na opinião de Vale, o PT tem de deixar o protagonismo para os outros partidos. “O PT não precisa, necessariamente, se colocar como o principal partido e estar na cabeça de chapa”, opina.

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