Plenária da Militância do PT/DF

O auditório da Câmara Legislativa do Distrito Federal recebeu na noite dessa segunda-feira (2) a Plenária dos Militantes do PT/DF. Além de representantes das diversas forças políticas constituintes do PT, a atividade também contou com a participação do senador Humberto Costa (PT/PE), que aproveitou para dar informes sobre a tramitação do processo de impedimento da presidenta Dilma Rousseff no Senado Federal.

O senador acredita que hoje a oposição não teria os 2/3 terços de votos necessários para retirar Dilma do cargo, mas afirmou ser fundamental continuar a mobilização nas ruas para impedir o sucesso do golpe. Humberto Costa reconhece que é um momento difícil, mas é preciso lembrar que a presidenta não cometeu nenhum crime de responsabilidade e nem mesmo crimes comuns, ao contrário de parlamentares e outras figuras da oposição envolvidas diretamente na condução do processo.

Roberto Policarpo, presidente do PT/DF, reiterou que o golpe não está dado e que a militância precisa continuar o enfrentamento. Para ele, a criação da Frente Brasil Popular representou um acúmulo do PT com os movimentos sociais, com a construção de resistência junto aos diversos militantes contrários ao golpe. Policarpo disse ainda que não podemos sair das ruas. “Na possibilidade de um eventual governo Temer, ele não terá paz nem um dia. Os golpistas não vão governar”, prometeu.

Militância

A participação da militância foi fundamental para o bom nível dos debates durante a plenária. Questões como o ostensivo apoio da imprensa e de instituições do Estado ao golpe foram citados, bem como questões relativas à soberania brasileira sobre a provável interferência de interesses estrangeiros no pré-sal. A possibilidade de antecipação das eleições também deu a tônica das participações, com predominância para opiniões contrárias a proposta.

Antecipar as eleições apenas ajudaria os golpistas em seus objetivos. Essa foi a opinião de muitos dos militantes que estiveram presentes ao auditório da CLDF nessa segunda-feira. Professor Saraiva, militante de longa data do Partido dos Trabalhadores, foi enfático: “antecipar a eleição é um golpe dentro do golpe, Dilma está defendendo seu mandato e nós temos que apoiá-la”. Ele também falou sobre a rearticulação dos movimentos sociais na luta contra o golpe e afirmou estarmos caminhando para uma grande vitória. “Aqui tem organização de esquerda, tem movimento social organizado e tem o PT para liderar essa frente”, pontuou.

O apoio ao golpe pela imprensa foi muito criticado pela militância. A necessidade de continuar construindo a narrativa contra os golpistas, com a criação de meios próprios de comunicação, inclusive, deu a tônica da participação de alguns militantes. Beto Almeida, jornalista, disse acreditar que ainda existe uma saída democrática contra o golpe, mas que é preciso “trabalhar na criação de uma mídia nossa com aquilo que podemos fazer”, referindo-se a um fortalecimento dos meios disponíveis ao partido para dialogar com a população.

A  defesa intransigente da soberania nacional e do pré-sal não foi esquecida. Chico Vigilante, deputado distrital pelo PT/DF, afirmou que a provável indicação de José Serra para o Itamaraty pelo Temer sinaliza que nossas riquezas podem estar em jogo. “Querem entregar os nossos recursos, por isso o estão colocando no Ministério das Relações Exteriores. Ele também vai cuidar do nosso comércio internacional”, afirmou o deputado, aludindo a intenção de Serra em facilitar a vida de empresas estrangeiras em conversas divulgadas pelo Wikileaks. A necessidade de uma aliança cívico-militar para proteção dos interesses brasileiros foi sugerida, “em defesa da legalidade, do pré-sal, da soberania nacional”, nas palavras de Beto Almeida.

Outro fator a ser destacado é o fortalecimento da esquerda e do campo progressista com a união de movimentos sociais e partidos políticos na luta contra os golpistas. A criação de comitês, os atos de rua e outras atitudes tomadas coletivamente caminham na direção de uma unidade de ação na luta contra a redução de direitos representadas pelo golpe. Para Marcelo Didonet, da zonal Paranoá do PT/DF, “construir a Frente Brasil Popular nas cidades é a forma de o PT se religar aos movimentos sociais”. A deputada federal Erika Kokay disse que “estamos vivendo uma unidade dos movimentos sociais, da esquerda, fundamental para enfrentarmos o próximo período”, reafirmando a necessidade de continuarmos nas ruas.

A mobilização continua. Atos e manifestações contra o golpe seguem acontecendo. Ao longo da passagem da tocha olímpica por Brasília nesta terça-feira (3), estão previstas intervenções para chamar a atenção da comunidade internacional para o golpe em curso no Brasil. Na quinta-feira (5), está previsto um ato contra a concentração midiática e a falta de liberdade de expressão nos meios de comunicação do País. E no 10 de maio terá o Dia Nacional de Paralisação e Mobilização Contra o Golpe. Fique ligado e não deixe de participar.