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A força da economia

     Há cerca de um ano, segundo o Datafolha, pouco mais de 20% da população brasileira considerava o governo Dilma ruim ou péssimo, percentual que agora subiu para 60%. Não, não foram as denúncias de corrupção na Petrobras que jogaram a avaliação do governo para baixo, mas os maus resultados na área econômica e o anúncio da retirada de direitos sociais.
     Quatro semanas após as manifestações de 15 de março, milhares de brasileiros retornaram às ruas para clamar pelo impeachment de Dilma e protestar contra o PT. Somaram cerca de 300 mil pessoas em todas as cidades, o que representa menos de três milésimos do eleitorado brasileiro e contingente três vezes menor do que há um mês.
     As maiores concentrações permaneceram em capitais das regiões Sudeste e Sul, onde o candidato da oposição venceu as eleições passadas. Nas demais metrópoles, a participação foi pífia: cinco mil em Belo Horizonte e Recife; dois mil em Salvador e Manaus, e 300 em Teresina e Aracaju.
     Segundo o Datafolha, os manifestantes em São Paulo eram pessoas de classe média (38%) ou de classe média-alta (49%). Os mais pobres, com renda de até 3 salários mínimos, representaram apenas 14% de participação. E nada menos que 83% votaram em Aécio. Manifestações da classe média são historicamente estéreis ou servem para legitimar golpes de direita. É preocupante, portanto, o fato de 12% dos manifestantes defenderem a volta da ditadura militar.
Outra pesquisa do Datafolha, contudo, revela que, para 60% dos brasileiros, o melhor presidente da história foi Lula, seguido de FHC (18%), Vargas (7%) e outros (15%), incluindo Dilma (2,5%). E por que razão Lula aparece com tamanho destaque? Por ter combinado forte crescimento econômico (leia-se geração de empregos e aumento da renda) com ampliação dos direitos sociais, tudo o que a população não enxerga hoje no governo Dilma. Seria por temer a candidatura de Lula em 2018 que a oposição quer abatê-lo desde já?
Júlio Miragaya
Vice-Presidente do Conselho Federal de Economia
Publicado originalmente no Jornal de Brasília – 16-04-2015 – Página 19 – OPINIÃO

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