O desmonte do INPE

O desmonte do INPE
De acordo com sitio na internet do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a sua missão é
“produzir ciência e tecnologia, nas áreas espacial e do ambiente terrestre, e oferecer produtos e
serviços singulares em benefício do Brasil”. Todavia, são meras palavras sem sustentação na
realidade.
Na verdade, o que tem acontecido no governo Bolsonaro é o desmonte do Estado. No INPE, em
agosto de 2019, o Dr. Ricardo Galvão foi exonerado. À época, o presidente Bolsonaro reagir aos
dados que demonstravam o aumento significativo de desmatamento, de agosto de 2018 a julho de
2019, em relação ao mesmo período do ano anterior.
A exoneração aconteceu, pois o presidente Bolsonaro não acreditava no aumento do desmatamento
divulgado e que suspeitava que o diretor do INPE, órgão responsável pelo monitoramento da
Amazônia desde 1988, estava “a serviço de alguma ONG”. O desmatamento é um dado objetivo
calculado, com base científica, a partir de modernos equipamentos.
Em outra atitude deplorável o governo exonera, em 13 de julho, a Dra. Lubia Vinhas, pesquisadora do
INPE, de sua função de Coordenadora-Geral de Observação da Terra (CGOBT). Trata-se da
Coordenação-Geral responsável, entre outras atribuições, pelo monitoramento da devastação da Amazônia,
por meio do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER).
Assim como ocorreu com o Dr. Ricardo Galvão a exoneração da Dra. Lubia Vinhas acontece após um
alerta de desmatamento recorde na Amazônia.
Assim como o Dr. Ricardo Galvão, Dra. Lubia Vinhas foi escolhida para o cargo por meio de um
comitê de seleção. Ambos foram exonerados do cargo em plena vigência de seu legítimo mandato de
quatro anos.
Em lugar de adotar políticas públicas para combater o desmatamento o governo exonera quem faz o
monitoramento.
Pesquisadores e Tecnologistas seniores do INPE informam, que nos dois últimos meses, além da
estrutura administrativa oficial que está no regimento, passa a existir “uma estrutura paralela, que
opera, governa e decide sobre o INPE, mas que não existe na regulação administrativa. É importante
ressaltar que essa estrutura paralela de gestão incluiu a verticalização e unificação de comando aos
moldes das estruturas militares, claramente na contramão das tendências atuais de pesquisas em
redes colaborativas com liberdade acadêmica e autonomia científica.” Não por acaso, o Diretor
interino é o coronel da Aeronáutica Darcton Policarpo Damião.
Ao mesmo tempo em que rejeitamos e repudiamos o desmonte e as exonerações pelo INPE,
prestamos a nossa solidariedade à Dra. Lubia Vinhas. Alertamos que é necessário reagir ao
desmonte do Estado e à tentativa de manipulação da sociedade pela não divulgação de informações
verdadeiras. O processo de desmonte não acontece só no INPE, mas em toda a administração
pública federal. Reagir é preciso.
Brasília/DF, 14 de julho de 2020.
SETORIAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARTIDO DOS TRABALHADORES DO DISTRITO
FEDERAL