Contra terrorismo, agenda pela democracia começa nesta segunda (9/01)

Manifestações e outras iniciativas para sustentar o regime democrático foram articuladas por movimentos sociais e partidos políticos como resposta às ações terroristas realizadas por apoiadores de Jair Bolsonaro, nesse domingo (8/01). O calendário, construído de forma conjunta, foi elaborado em reunião realizada nesta segunda-feira (9/01). O primeiro encaminhamento foi um ato também nesta segunda, às 17h, em frente ao Palácio do Buriti. Outros estados também realizarão atos contra a tentativa de golpe.


Os manifestantes se reunirão em frente à sede do Executivo distrital para pedir punição exemplar do governador afastado, Ibaneis Rocha, e dos comandos das forças de segurança, que deveriam garantir a ordem e impedir a depredação.

Outra manifestação, esta nacional, foi agendada para quarta-feira (11/01), em Brasília. Horário e local ainda serão informados. “Temos que ter firmeza nas nossas ações, mas sem nos precipitarmos. Entendemos que precisamos consolidar o campo democrático para ter força nas ações unitárias, sem tolher a iniciativa individual das organizações”, disse o presidente do PT-DF, Jacy Afonso.

De acordo com ele, “o momento é delicado”. “Temos que estar atentos, pois sabemos que boa parte do eleitorado do Bolsonaro é originário das forças de segurança. Tanto as forças de segurança do DF como as federais estão contaminadas com o último governo, sem deixar de considerar as posições históricas desse setor”, pontuou Jacy ao lembrar da conivência de agentes da polícia com os atos terroristas. Os criminosos deixaram um rastro de destruição em prédios públicos, patrimônios históricos e obras de arte.

Além das iniciativas populares, medidas institucionais também estão sendo tomadas. Os deputados distritais Chico Vigilante (PT) e Fábio Felix (Psol) anunciaram que a bancada de oposição da Câmara Legislativa do DF entrará com pedido de CPI para averiguar não só as ações terroristas e a omissão do Estado nesse domingo, mas também as realizadas no dia 12 de dezembro.

“Ouvimos de diversos policiais militares que eles só foram convocados 13h, 14h, 15h (nesse domingo). Houve negligência no planejamento da ação. É preciso resposta contundente a isso”, disse o deputado Fábio Felix, que afirmou ainda que a “direita da CLDF já está focando no ato de Alexandre de Moraes, de afastar Ibaneis Rocha, ao invés das ações terroristas”.

Deputado Chico Vigilante reforçou a importância da CPI do DF, mas afirmou que é essencial a instalação também de uma CPI no Congresso Nacional. “Na CPI do DF, o governador do DF e o comandante da PMDF não são obrigados a comparecer. Na CPI do Congresso Nacional, sim. E essa CPI já está sendo articulada para fevereiro”, disse o parlamentar.

Também já começaram a ser protocolados pedidos de impeachment do governador do DF afastado, Ibaneis Rocha. PT e Psol protocolarão pedidos nas próximas horas. PV entrou com pedido na manhã desta segunda.

Povo consciente

Entre os consensos da reunião das organizações da sociedade civil realizada nesta segunda, esteve a conscientização do povo brasileiro sobre quem representa, de fato, a população do país.

“O governo Ibaneis é cúmplice, é um dos responsáveis pela tentativa de golpe. Precisamos também pedir a prisão de Bolsonaro. Ele é o mentor ideológico disso. O povo precisa entender que nós, os movimentos da sociedade civil, o representamos. É preciso fazer com que os trabalhadores compreendam o momento que a gente vive”, disse Marco Baratto, da direção nacional do MST.

Coordenadora da CMP (Central de Movimentos Populares), Cris Santos alerta que o povo que precisa ser conscientizado também “está doente”. “Passamos pela Covid, passamos por esse governo que também nos adoeceu fisicamente e psicologicamente. Temos tarefa que é para além das nossas forças, que é garantir a volta de uma normalidade democrática para que o povo possa trabalhar e viver.”

“Se há uma coisa que tem que ficar clara é que temos que garantir a existência desse casamento que firmamos para eleger lula por mais 4 anos”, disse a presidenta do Psol-DF, Tetê Monteiro. “Iniciamos uma temporada muito dura de luta neste país. É um grupo organizado nacionalmente, com novas lideranças extremistas, e mostrou que vai fazer oposição dura e sanguinária contra o governo Lula”, alertou o deputado Fábio Félix.

O que já foi feito

Ao ver as cenas de terror da invasão do STF, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, partidos políticos e movimentos da sociedade civil começaram a se posicionar com notas pedindo a intervenção federal. O decreto foi feito pelo presidente Lula ainda nesse domingo.

Também nesse domingo, Ibaneis Rocha foi afastado do cargo de governador por 90 dias. A decisão foi do ministro do STF Alexandre de Morais.

Além disso, cerca de 300 pessoas que estavam nos atos terroristas foram presas. A pena pelo crime de tentativa de golpe de Estado pode chegar a 12 anos de reclusão.

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